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Você vai?

















Sim. Vou e fui. E tudo bem. Sempre andei sozinha.








Verdade dita, viajei (bem) menos sozinha do que muitas mulheres por aí. Mas gosto bem. Funciona como um detox de Facebook: saindo de perto da manada é que você descobre suas próprias opiniões. Porque quandopossibilidades são amplificadas pela nossa vulnerabilidade, você precisa estar alerta para não se meter em roubadas, precisa ouvir seu sexto sentido, precisa poder contar com o instinto. Para andar sozinha você precisa saber onde está, onde foi e onde vai. 

Quando criança (pre teen, vai) eu saia de casa em Campos do Jordão e caminhava nas montanhas do outro lado da estrada, perdida em meus próprios pensamentos.  O mesmo na fazenda do meu avô no Mato Grosso ou na casa da minha mãe na Vila Madalena: caminhava sozinha na área como forma de passar o tempo, de exercer uma liberdade precoce, de fugir. 

Tinha que me virar para acha o caminho de volta, claro. Essas caminhas solitárias, sobre as quais ninguém na minha família sabia, foram essenciais para o meu senso de localização, para minha concepção de que o mundo é maior do que meu quintal, para saber que sempre tem algo do lado de lá. Aprendi a prestar atenção e a não ter medo de explorar, a poder entender a localização pelo curso de um rio. 

Esse aprender a ouvir os próprios instintos, a estar em contato com os próprios pensamentos, é provavelmente uma das melhores coisas que uma viagem solo ensina. E hoje a coisa que mais me faz mais feliz é caminhar sozinha por uma cidade estranha, aprendendo a geografia, percebendo detalhes, coletando informações interessantes.

Não tenho mais o mesmo sentimento de liberdade de quando andava na juventude. Às vezes dá saudade e queria poder redescobrir os morros na frente da casa, nos arredores da fazenda, nas ruas antes vazias da Vila Madalena. Mas a real é que pode ser um mochilão na Ásia, uma quinzena em Nova Iorque, uma viagem de fim-de-semana na praia, um rolê no centro da cidade. O importante é ir.

Sozinha, sem pressa e com os sentidos alertas.

Por Gaia Passareli | blog How To Travel Ligth

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