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Você tem a capacidade de ouvir outra pessoa?

Em tempos de discussões ferrenhas, embates e rigidez de opiniões, quem se presta a ouvir o outro é rei. Lemos e nos informamos diariamente e queremos gritar o que sabemos como se fôssemos carro de som em avenida movimentada esperando que dancem a nossa música. Talvez o intuito seja ter atenção, disseminar um ponto de vista diferente e gerar um movimento na sociedade. Porém, nesse processo o ouvinte tem papel fundamental, no sentido de que será quem aprovará ou não o discurso e agregará valor. Toda relação humana depende do intercâmbio de funções entre aquele que fala e o que ouve, sendo importante a troca de papéis para que a relação caminhe. Então, exercitar a capacidade de ouvir, não encarando uma opinião diferente como uma ameaça ou algo não merecedor de atenção, talvez seja uma possibilidade de aprendizado, mesmo que seja o treino da paciência diante de pontos de vista que sejam incômodos. E, para ter contato com isso, minimamente é necessário se colocar disponível, entrar no jogo. Claro que o objetivo aqui não é tornar pessoas menos acaloradas, apaixonadas e empolgadas na defesa de sua opinião, mas que possam dar espaço à manifestação da paixão do outro. Para cada pessoa, sua opinião é muito valiosa e útil, mesmo sendo controversa. Toda e qualquer opinião é formada por uma cadeia de ideias que fazem sentido a quem fala e faz parte daquela pessoa, então discordar de forma truculenta é atingir não somente um pensamento, mas também uma pessoa e seus ideais. Então, que tal treinar essa disponibilidade? Aprender não somente sobre o mundo de ideias que nos cerca, mas também desempenhar o papel de ouvinte interessado, debatendo pontos de desacordo e ao menos abrindo espaço àquele que fala. Nossos comportamentos tendem a se generalizar para outros âmbitos, então exercer a tolerância em uma situação, pode ampliar em outras áreas nossas próprias capacidades de comunicação, escuta e paciência. Talvez tenhamos uma sociedade mais tolerante não somente em discussões, mas em outros comportamentos diários, como uma briga de trânsito ou uma frustração no trabalho.

Renata Cortinhas – Psicóloga com especialização em Psicologia médica

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