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Violência de gênero

Me surpreende o fato de mais uma novela trazer à tona cenas de violência, o que faz repensar a vida de muitas mulheres que se identificam com a personagem Clara da novela O outro lado do paraíso. Esse tipo de exposição tem uma função social muito importante, visto que muitas mulheres irão se ver nessa personagem e experimentar uma série de sensações. O mais interessante são as mulheres que irão dar seus depoimentos de como enfrentaram situações de violência, alertando a tantas outras que correm o mesmo risco, mas, muitas vezes, se sentem impotentes diante da situação. São inúmeros os casos de vítimas que, ao deporem, relatam ter sofrido represália do marido após a denúncia.

Em nome do medo e da insegurança, muitas se tornam reféns, como prisioneira de um algoz que as maltrata e desqualifica, mantendo-a assim indefesa ao seu lado. Entretanto, o que chama a atenção é um universo grande de mulheres que não aceitam movimentos que reivindicam os direitos conquistados, olham com desdém e ainda se referem a esses grupos como sendo “extremistas”, dizendo “lá vem elas com esse assunto”, como se não houvesse interesse por parte delas de melhorar a condição da mulher em pleno século XXI.

Estariam essas mulheres passando pela mesma situação que a personagem e se entregando a toda sorte de insultos por ter sido criada escutando que a mulher tem que ser submissa, aceitar tudo o que o homem faz em silêncio, pois essa é a forma naturalizada de ser mulher e que foi construída ao longo dos tempos?

Como romper com esse paradigma se na própria categoria feminina existe uma divisão quanto às questões relativas ao gênero masculino/feminino, o que impede que possamos nos libertar desse modo de viver, que é incompreensível nos tempos atuais. A violência é um tema que divide opiniões, pois muitos julgam que trazer à tona poderá servir de exemplo e gerar mais ainda, outros tantos se chocam. Acredito que não se possa permitir silêncio em torno desse tema, deve-se, sim, incentivar mulheres a procurar ajuda.

Ótima semana

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal

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