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Um novo despertar


As pessoas comentam que o ano acabou, outras que não deveria ter existido, pois ele trouxe mudanças na vida de todos. Não tem quem tenha ficado de fora. Quando parecia que tudo estava indo bem, que a rotina antiga seria retomada, as pessoas circulando por avenidas, o comércio funcionando, as aulas tendo seu início marcado, foi preciso recuar. Esse vírus invisível, que aos poucos ganha espaço, dominou o mundo e nos fez rever conceitos.

Li os depoimentos de três pessoas que sobreviveram após um longo tempo em uma UTI. Elas comentam que estão retomando suas vidas aos poucos, mas agora com outro propósito. Estiveram perto da morte, sentiram sua presença nas noites solitárias em um hospital, entenderam a fragilidade da vida e se depararam com a finitude. Esse encontro levou-as a uma profunda avaliação do estilo de vida que tinham. Todas concluem que com a brevidade da vida, os encontros verdadeiros, um abraço sincero, uma palavra de incentivo e um olhar acolhedor fazem toda a diferença.

Isso tudo fez eu pensar se há necessidade de chegarmos a esse extremo para modificarmos uma vida presa a convenções, a uma rigidez que limita e aprisiona. Será que apenas observando o que está acontecendo podemos construir um mundo melhor para si e, consequentemente, para o outro?

Somos todos frágeis perante o Universo, seres que transitam muitas vezes sem saber onde quer chegar. Que esse despertar da humanidade, que creio estar acontecendo, seja muito bem-vindo!


Rosane Machado Mestranda em Estudo sobre as Mulheres, Gênero e Cidadania pela UAB de Lisboa

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