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Um anjinho de patas na minha janela

Esta semana, ao retornar de viagem, me deparo com uma gatinha com olhos arregalados miando na minha janela, inicialmente pensei ser da minha vizinha, pois já havia resgatado um dia a dela que havia fugido de casa. Mas não era, e assim iniciou uma linda história sem desfecho ainda. Ao conversar com a vizinha, ela relatou que desde sábado ela estava lá, muito assustada, com fome.

Com certeza não era de rua, estava na rua, carente, querendo ser levada para casa, de onde havia sido retirada por uma criatura que a abandonou, sabe se lá por que, como tantas pessoas fazem neste período do ano. Me aproximei, nossos olhos se cruzaram, meu coração imediatamente ficou partido, o que fazer? Já tenho três gatos e não poderia levá-la sem fazer um teste para ver se estava contaminada. Alguns vizinhos se solidarizaram com a causa e começaram a divulgar em suas redes sociais a foto dela para adoção.

Quando parecia que não fosse mais terminar esse processo doloroso de vê-la miando na janela, correndo comigo quando retornava para dentro, pois queria vir junto, eis que surge uma pessoa interessada em levá-la. Após intermináveis diálogos, ela pediu que não a deixasse na rua por mais uma noite, o que me obrigou a trazê-la para dentro sem ter feito o tal teste, mas resguardando os demais para não terem contato até estar tudo certo com ela, pois no outro dia levaria a uma veterinária antes de entregá-la.

Passamos uma noite agradável, sempre em contato com sua doadora, enviando fotos e fazendo planos para o outro dia. Lola, nome dado pelo filho de uma vizinha, estava se sentindo abençoada, dormiu como um anjo, pois havia sido resgatada da rua. Mas fui surpreendida logo cedo pela jovem, dizendo que havia mudado de ideia e por um motivo pessoal não poderia ficar com ela. Como assim? – pensei. Estava tudo certo! Bem, fiquei apreensiva. Fui na veterinária, fizemos o teste, estava tudo bem. Foram feitos outros procedimentos e a trouxe de volta para casa, mas sempre dizendo que seria um lar temporário, não poderia ficar com ela, apenas até encontrar um lar especial.

No entanto, quando meu filho disse “vamos ficar com ela”, meu discurso começou a mudar, comecei a olhá-la de outra forma, pois estava contendo meus carinhos e olhares com receio de me envolver. Na verdade, percebi que desde o início comprei a causa, mas seu futuro ainda está incerto. Se encontrar outro na rua, vou querer ajudar, fazer o mesmo processo, só não sei se ainda estou pronta para ser um lar temporário.

Apenas tenho uma certeza, a de querer ser uma voluntária da causa animal, não apenas divulgando o lindo trabalho da ONG Cão da Guarda, mas ajudar outras pessoas a despertarem para essa causa, a reconhecer que esse é um caminho sem volta, mas gratificante, pois abençoado é quem se permite ser amado por esses anjinhos e estabelecer uma troca que beneficia ambos. Vamos entrar nessa onda do bem comigo?

Ótima semana!!!

Rosane Machado

Mestranda em Estudo sobre as Mulheres, Gênero e Cidadania pela UAB de Portugal.

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