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Traumas: como lidar com eles?

No final do ano vivi uma situação traumática. Hoje estou mais tranquila, mas fiquei por alguns momentos tentando entender os meus comportamentos e julgando eles de certa forma. Se por instantes estava feliz me perguntava se não devia estar mal pelo que me havia passado e se me pegava muito triste queria a todo custo ficar mais calma.

Não quero contar aqui exatamente o que aconteceu, pois não iria expor somente a mim, mas a outras pessoas que estavam comigo. Nesse momento quero falar apenas sobre o que eu tenho pensado e sobre um pouco do que aprendi de formação acadêmica a respeito de trauma.

Primeiro então, vamos para o conceito. Os traumas se originam de um fato inesperado que ocasiona sofrimento ou uma situação abusiva, de humilhação repetitiva. Pode ser desde uma situação de abandono, um rompimento afetivo, a morte de um familiar, um acidente, bullying, etc. O mais importante é: tem mais a ver com a intensidade das emoções vivenciadas e como elas impactam no cotidiano do que propriamente no fato específico.

Então foi isso, vivenciei um trauma. Logo em seguida, como boa terapeuta fiquei me perguntando: existe forma esperada/saudável de se reagir a um evento estressor? Os livros já dizem isto, mas, por experiência própria posso dizer que saudável mesmo é poder sentir as dores desse momento, chorar elas, por tudo para fora. Não existe resposta emocional ideal, nem receita de bolo para ficar melhor.

Em um momento, uma pessoa pode estar com mecanismos de enfrentamento (formas de lidar) mais adaptativos e conseguir seguir a rotina, fazer as suas atividades sem perder tanto o chão; e em outro momento de vida, em uma situação parecida esta mesma pessoa pode se desestruturar completamente e viver essa dor intensamente.

Ao contrário do que fiz comigo ao criticar meu comportamento, não deve existir nenhum tipo de julgamento com relação a maneira de enfrentar essas dores: somos seres humanos errantes e, quase sempre errados, vamos fazendo o nosso melhor com os recursos que temos.

Podemos, ao contrário de julgar qualquer reação como fiz, buscar os aprendizados que essa experiência traumática nos trouxe. Percebi que o que aconteceu comigo agora faz parte de mim, da minha vida, das minhas memórias e que é sempre possível escolher a forma de integrar essa dor: como algo que me aconteceu e que retirou a alegria ou como algo que veio para me ensinar a ser mais forte e a amadurecer.

Claro, também não sou tão racional, tenho certeza que todos queremos escolher a segunda opção e por vezes não conseguimos, mas ainda que seja difícil lidar com todas as emoções, a vida não vai esperar a gente se recompor para seguir. Ela vai seguir rápido como sempre e se eu (nós) quiser (mos) aproveitá-la, que essa dor seja um motivo para valorizar as pequenas alegrias da vida e do dia-a-dia, tocando os projetos em frente.

Juliana W. Soeiro

Psicóloga – CRP 07/26220

(51) 989.864.043

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