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Todo carnaval tem seu fim?

Terminou o carnaval. Lembrarei muito destes dias, tanto pelas purpurinas que vou encontrar no meu corpo até o ano que vem, quanto pela energia e alegria que passaram pelos corpos nesses dias.

Foi um bom carnaval, consegui sentir a diversão das festas de rua, o sentimento de liberdade e, principalmente, uma resistência pacífica e alegre contra o patriarcado estrutural. O “não” das mulheres foi bem mais escutado: ele foi realmente” não “ para muita gente. Por conta de toda nossa luta, muitas de nós voltamos muito mais felizes pra casa. Levantamos nossas bandeiras com criatividade e com muitos cílios postiços, nos divertindo.

Nada é perfeito, roubaram vários celulares, teve briga, teve confusão, teve bebedeira além da conta (como sempre), mas apesar de tudo isso muitos ouviram a nossa voz!! Ouviram as Marias, Mahins e Marielles!! Tem uma expressão maravilhosa no Rio de Janeiro pra dizer que alguém se divertiu absurdamente que é: “Me acabei!”. Esse ano posso dizer que todos nós nos acabamos no samba, mas não deixamos ninguém acabar com a nossa festa.

E agora que terminou a folia? Agora a rotina retoma para as nossas vidas. Existe uma norma social implícita na cultura brasileira que diz que devemos nos divertir das festas de fim de ano até o carnaval e que depois disso é dedicação integral ao trabalho e as questões burocráticas da vida. Somente assim poderemos “merecer” as próximas festas no verão que vem.

Mas que bobagem, você pode pensar “Eu sou feliz e livre o ano inteiro, me divirto sempre”. Será? Será que conseguimos soltar nossos bichos, dançar, cantar, tratar nossa sexualidade de forma mais livre sem precisar da aceitação da sociedade? Será que conseguimos sorrir e gingar mesmo quando não tem ninguém dançando? Será que conseguimos fazer política de forma tão amorosa, criativa e colorida?

Espero que sim, que a gente não perca o brilho desses dias. Com certeza (um dia) o resquício das purpurinas vão embora, mas que a “permissão” de sorrir, de dançar e de se encher de cores vibrantes esteja dentro de nos e que ela não vá embora. Espero que a gente faça barulho e toque o nosso tambor com entusiasmo o ano inteiro.

Juliana W. Soeiro Psicóloga – CRP 07/26220 (51) 989.864.043

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