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Sobre a importância de preservar as nossas relações!


Dia desses recebi uma notícia que me deixou triste e abalada.. Soube que uma amiga querida, a qual não via, falava ou tinha notícias há tempos, estava passando por problemas de saúde bem complicados.

A mesma amiga enfrentou um período difícil no hospital quando contraiu Covid em 2021. Quase a perdemos naquela ocasião!

Mesmo assim, as nossas relações – não só a minha e a dela, mas do grupo – foi se desfazendo, se dissipando bem diante dos nossos olhos.

Algumas de nós tiveram filhos, outras casaram, outras mudaram de emprego, de casa, mas todas nós mudamos definitivamente!

- Em que momento fomos esquecendo de nós e de nos reconectar à medida que cada uma de nós ia pra um extremo da outra?

Essa notícia fez com que eu olhasse para as minhas relações de amizade de uma forma nova... Talvez saindo um pouco de mim e me colocando no lugar do outro.

- “Será que eu tenho sido uma boa amiga nos últimos tempos?”

Esse questionamento martelou a minha cabeça em todo o trajeto pra casa. Pensei em quantas coisas aconteceram com esse grupo de mulheres que eu conheço desde sempre, mas que nos últimos anos se tornou um grupo de estranhas. Pensei nas angústias e nos pensamentos que todas tivemos ao longo dos últimos dois anos e que não compartilhamos.

Ao mesmo tempo, caiu sobre mim a difícil constatação de que talvez tenhamos mudado ao ponto de não nos reconhecermos mais, faz sentido? Talvez as pessoas que fomos no passado ficaram exatamente lá, no passado. Talvez tenhamos nos apegado à ideia de quem fomos, ignorando o fato de que talvez aquele grupo de meninas já não exista mais.

Isso não acarreta em falta de amor, afeto ou carinho. Ao contrário, “ É sempre amor mesmo que mude”, como diz aquela letra da Bidê ou Balde.

Em contrapartida, essa constatação deixa um gosto agridoce em nossas bocas e estabelece um divisor de águas: Precisamos nos despedir de quem fomos anos atrás e cumprimentar as mulheres que nasceram a partir de cada uma de nós, mesmo que não estejamos na mesma sintonia, sempre seremos parte uma da outra.

Porém, a compreensão mais difícil é justamente entender que neste momento essas mulheres não coexistem, não fazem mais parte da mesma tribo.

Ao encontro disso, senti uma necessidade absurda de sair do meu pedestal e me permitir desaguar, desmanchar e quebrar essa armadura que me vestiu nos últimos meses. Eu precisei, de forma instintiva, dizer para uma das minhas melhores amigas que eu sentia muito pela minha ausência, pelo meu bloqueio de mim, dela e de tudo, mas que acima de tudo eu entendia que a nossa relação, assim com todas as relações que temos na nossa vida, precisava de cuidado, carinho e honestidade.

Nesse momento em que a ruptura de nós mesmas nos atravessa, a lição que tirei de tudo isso foi a de que precisamos cuidar das nossas relações da mesma forma que cuidamos das nossas plantas, da nossa alimentação, dos nossos pets, enfim. Não há possibilidade de manter uma relação saudável sem afeto, sem troca e, acima de tudo, sem honestidade.

Honestidade em se despir de si e se apresentar nua e livre de qualquer orgulho;

Honestidade para dizer pra aquela(e) amiga (o) que você precisa de um ombro, de uma risada, de uma pausa;

Honestidade pra entender e aceitar o fim de cada ciclo;

Honestidade pra ser real, pra ser de verdade com aquele pequeno grupo de pessoas que faz do seu mundo um lugar melhor e seguro.

Os últimos anos me atropelaram como se uma carreta gigantesca tivesse passado por cima de mim. Perdi tudo o que eu conhecia numa fração de segundos, mas eu me mantive firme graças a esse pequeno grupo de pessoas que se tornou aquela família que a gente escolhe, sabe?

2022 está bem próximo do final, estamos vivendo momentos históricos e emblemáticos. Estamos todos cansados, sobrecarregados, bugados e com medo... O ano de 2023 se apresenta para nós repleto de incertezas e indefinições, mas a única certeza que temos é que aquela rede de pessoas que nos rodeia, nos protege, nos faz sair da pose e nos dá a sensação, mesmo que momentânea, de paz, é o que importa!

Liga para tua amiga/amigo que te faz sentir segura nesse mar de caos e fala o quanto essa pessoa é importante pra você.

O amor também é ferramenta de militância, conforme nos ensinou bell hooks!

Em tempos de ódio e intolerância, amar é sim um ato político.


Até a próxima, irmãs!!


Por Amanda Alves Rodrigues

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