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Shakiras, Mileys e as mulheres que não podem ser elas mesmas


Abrir mão da carreira pelo bem da família ou da carreira de quem se ama. Apoio incondicional. Quando vem o sofrimento ou a tristeza, tudo isso é deixado em segundo plano. Afinal, o foco é a felicidade do companheiro. A exposição da cantora Shakira sobre o término de sua relação com o jogador Gerard Piqué mostra que ela não é a única a viver esse roteiro imposto a muitas mulheres no mundo. E quem é o autor deste roteiro? Vamos conversar sobre?


Antes de falar sobre esse “roteiro”, a gente precisa falar sobre o roteirista. O que é o patriarcado, afinal? Ele nada mais é que um sistema social pautado por relações estruturais que favorecem, em especial, homens brancos cisgêneros e heterossexuais. Na prática, isso resulta em relações sociais de poder dos homens sobre as mulheres. Essa estrutura cresceu e se fortaleceu ao longo da história da Humanidade e as transformações desse sistema partem dos grupos que não destoam dos privilégios que o patriarcado oferece: mulheres, pessoas negras e LGBTQIAPN+.


É com base nesse conceito que ao longo da história, as mulheres foram educadas e ensinadas a fazer sacrifícios em nome da família, por exemplo. Ou que para ser amada e valorizada, era necessário adotar uma personalidade introspectiva e submissa ao homem. Ou seja, o papel de protagonista nas histórias pautadas pelo patriarcado será sempre dos homens cis, brancos e heterossexuais. Miley Cyrus, por exemplo, lutava há anos para mudar sua imagem – construída ao longo do tempo em que foi Hannah Montana. Seu marido a criticava por usar esmaltes chamativos e ter um comportamento mais espontâneo e extrovertido.


O protagonismo desses homens se reflete em tudo: na política, na relação com os filhos, no exercício de direitos e no cumprimento de deveres. Enquanto isso, às mulheres restam o silenciamento, a sobrecarga, o desamparo e a injustiça.


Hoje, Shakira e Miley Cyrus cantam sobre seus relacionamentos abusivos e tóxicos. Elas não são as primeiras a fazer da arte uma forma de expressar o que sentem e contar suas histórias. Jacinda também não foi a primeira mulher a renunciar em virtude do cansaço e da exaustão. A repercussão desses casos mostra que temos um caminho a percorrer na promoção da política do cuidado e na equidade de gênero.

As desigualdades de gênero impostas por esse sistema patriarcal afetam mulheres em todo o mundo. Mudar esse roteiro de vida imposto pelo patriarcado requer um esforço coletivo em todas as esferas da sociedade. Não precisamos de mulheres sobrecarregadas, injustiçadas e tratadas como coadjuvantes. Precisamos de mulheres bem cuidadas, acolhidas e em relações saudáveis – seja com seus parceiros afetivos, ambiente de trabalho ou em qualquer outro lugar que elas estejam.


Precisamos de mulheres felizes!


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