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Era verão de 2020, a vida dava sinais de que um dia poderia ser bonita de novo. Novos ciclos se iniciavam e um universo de possibilidades nos esperava.
Eu fiz a promessa de tornar o ano novo ( valeu, 2020!) mais leve, mais calmo e melhor. Foi algo combinado entre mim, o mar e Iemanjá.
" Depois do carnaval a vida vai", era o que eu dizia naqueles 5 dias de sol, preguiça e mar.
Prometi a mim mesma não morrer em 2020 como morri em 2019.
Jurei que seria mais calma, paciente e amorosa.
Fiz a promessa de completar minha lista de resoluções para o ano que mal começava, mas que me dava a sensação de que seria de renovação ( ou será que era o meu inconsciente que desejava isso?).
É, de fato, foi uma renovação – ou revolução?! -
Como um soco no estômago, do dia pra noite, senti que aqueles 5 dias de sol foram um sonho de algo que talvez nunca tivesse acontecido. Com os olhos arregalados de espanto me vi no sofá de casa, numa terça-feira qualquer, de pijama às 11h da manhã, tentando me conectar às ferramentas de trabalho e a mim mesma. Tive um breve devaneio, confesso!
Um cinza escuro e gélido pairou sobre todos nós, tão coloridos e barulhentos, calados e monocromáticos, alegres e tristes, agitados e parados. Para todos nós, de todas as tribos, o globo parou de girar.
E agora?
Aquele minha versão sensata e positiva tentou por algum tempo manter a paz, a sanidade e todas aquelas coisas legais que eu havia dito que colocaria em prática lá no início do ano, lembra? Quando eu fiz um esboço meu bem good vibes/Namastê!
É, eu tentei!
De um dia pro outro, os dias que julgava serem iguais, se transformaram em semanas encapsuladas dentro de cada dia, faz sentido?
A maquiagem e o salto alto deram lugar ao pé no chão, calças de pijama e o moletom do marido.
A correria de acordar, tomar banho, café e pegar o ônibus se transformou no trajeto do quarto pra sala, da sala pro escritório improvisado.
- “Ao menos não teria que correr feito doida atrás do ônibus”, foi o que pensei cá com os meus botões. ( Lembra que prometi ser mais positiva?)
A casa que era abrigo, virou trabalho. O celular que era lazer virou trabalho. Aliás, o que não virou trabalho?
Agora, sem fingir que está tudo normal...
Amanda Alves Rodrigues
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