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Se permitir ficar, também faz parte do caminhar

Quando soube que a próxima cidade que eu iria conhecer era Logroño, bateu um misto de curiosidade e ansiedade.Localizada ao norte da Península ibérica, a Comunidade da Rioja está delimitada pelas comunidades de Castilla-León, Navarra, Aragón e o País Vasco. Logroño é uma cidade com um perfeito equilíbrio entre tradição e modernidade. Com aprox. 150 mil habitantes, concentra a metade de toda a população da comunidade.

 Foi uma caminhada um pouco cansativa, mas cheguei cedo, perto das 14h, estava muito nublado e frio. Levei um tempo até achar meu hostel, pois Logroño é uma cidade muito grande, cercada de antigos castelos, porém muito urbana. Nunca tinha visto algo parecido, onde as ruelas medievais ainda eram conservadas. Ao meu ver os peregrinos deveriam ficar mais uma noite para conhecê-la. E foi o que eu fiz, quando me instalei no Hostel descobri que era Semana Santa e a cidade estava se preparando para a Páscoa, caminhando pelas ruas, comecei a observar inúmeras artes pintadas nas paredes e muitas galerias de arte. Entrei para tomar um café em uma padaria, sento, faço meu pedido e escuto que toca uma canção, logo reconheço a letra e uma emoção forte me toma. No rádio está tocando “Gracias a La Vida” de Violeta Parra, artista que me inspirou e inspira a cada viagem e caminhar, ali sabia que deveria ficar mais uma noite naquela cidade, descansar e agradecer tudo o que tinha encontrado pelo caminho até agora.

 Descubro que tem uma exposição no Centro Cultural de La Rioja sobre vinhos, decido visitar e também descubro que peregrinos paga meia entrada, algo como dois euros. Fico surpreendida pela exposição que conta a história do vinho, sua origem, quem consumia e hoje como apreciá-lo. E para a minha surpresa no final cada visitante tem direito a uma taça, para desfrutar de tudo que aprendeu! Muitos caminhantes se esquecem de apreciar cada momento, pois ficam focados em chegar em Santiago, mas a graça de toda a viagem, interna e externa é cultivar, descansar, florescer e colher cada aprendizado, como as uvas que logo irão se tornar vinhos deliciosos!

 Sentada no balcão do bar degustando um bom vinho tinto me lembrei da Nati que um dia me disse que: o turista exige e o peregrino agradece!

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