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Rituais familiares

Na atualidade, um indivíduo pode ter uma vivência que englobe várias formas familiares, como infere o autor João Pedroso, e passar de um núcleo familiar tradicional a um de família recomposta ou vice-versa, e poder assim transitar por várias formas de convivência sem ter que apenas permanecer num núcleo.

Na verdade, essa forma de existir possibilita um fortalecimento pessoal, pois a capacidade de adaptação é singular e cada um irá responder de uma maneira. Nem todo indivíduo irá entender ou aceitar a complexidade dos elos de uma família recomposta, em que se terá que aceitar os filhos de ambos oriundos de relacionamento anterior e mais os que forem concebidos nessa nova união. Tem que se ter uma capacidade intrínseca de doação e desprendimento aliado a uma forte capacidade de empatia, para poder incluir um estranho no convívio diário. Aceitar o parceiro(a) do progenitor(a) é algo que requer ainda um entendimento de que, além de ser seu pai ou mãe, é um ser humano que deseja encontrar a felicidade conjugal numa época em que os relacionamentos passam por uma restruturação.

Mas como adiar encontros e novas possibilidades de viver a dois se a vida exige que as pessoas transmitam contentamento apesar dos dissabores e das incertezas diárias. Será possível estabelecer rituais familiares em tempos tão conectados na era digital e totalmente desconectados do outro. Como criar códigos que mantenham os elos entre os membros de uma família interligados e que os identifiquem? Muito ainda se tem que falar sobre esse tema, pois a família, apesar de tantas transformações, é um imperativo que resiste a novas demandas que se inserem paulatinamente no nosso dia a dia.

Encerro com o pensamento de José Mattoso, que diz que para poder definir a relação contemplativa com uma realidade ainda mais inacessível do que a que os sentidos podem captar na sua imediatidade, quer dizer aquela que já foi devorada pelo tempo, a de outrora, e a que todavia deixou nas coisas, e portanto no presente, as marcas da sua passagem.

Uma ótima semana!!

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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