Retrocesso
- luanamachado4
- 22 de jan. de 2018
- 2 min de leitura
Na semana passada surgiu o polêmico manifesto assinado por artistas e intelectuais francesas em que elas afirmam que “os homens devem ser livres para abordar as mulheres”. Creio que esse fato precisa ser esclarecido, pois seria um retrocesso liberar o homem para deliberadamente invadir um espaço que não é seu, sem pedir permissão ou acreditar que a mulher tenha que estar disponível para brincadeiras desmedidas. É o homem que precisa aprender a lidar com as questões femininas, pois está culturalmente vigente que ele detém o poder, por isso pode intimidar, violentar. Nessa visão distorcida, se ele faz isso é inocentado, visto que a mulher se torna “responsável” pelo ocorrido, por estar com uma roupa minúscula que leva o homem a agir de forma instintiva e impensada, por exemplo – inacreditável que se pense isso em pleno século XXI! Faz-se necessário esclarecer que qualquer tipo de assédio é considerado um atentado à dignidade humana, trazendo consequências para toda a sociedade. Comportamentos abusivos têm o objetivo de intimidar, coagir ou ameaçar a dignidade de outra pessoa. Enfim, a mulher é que fica com o ônus pelo assédio, como ocorre diariamente no transporte público, que gera trauma e insegurança nas mulheres que precisam trabalhar para sustentar o lar. As mulheres têm uma importante incumbência de não permitir que sua vida seja entregue a quem não lhe valoriza, quem a domina, subjuga e maltrata. É preciso conseguir se desvencilhar da incerteza que as mantêm ao lado de alguém nefasto. Está muito arraigado na cultura ainda machista o uso desmedido de desqualificar a mulher e fazer dela apenas um objeto ou joguete nas mãos dos homens. Penso que ainda terão outras intercorrências pelo caminho e outras tantas mulheres se sentirão humilhadas e sem saber a quem recorrer. O importante é ficar atenta a toda ordem de desrespeito e não se calar.
Por Rosane Machado Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal
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