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projeto que transforma rappers em super-heróis

O rap é compromisso, não é viagem. O gênero, conhecido por colocar o dedo na ferida e tratar sem rodeios dos vários problemas sociais, está se colocando atualmente como um dos grandes espaços de criatividade.

De São Paulo para o resto do Brasil, o rap há muito tempo não vive em guetos. Pelo contrário, o caminho sedimentado pelo Racionais, RZO e Sabotage, é trilhado agora pela poesia concreta de Criolo, Emicida, Drik Barbosa, entre outros. Mais do que um gênero musical, o rap é cultura. Exemplo disso é o trabalho realizado por uma dupla de jovens da capital paulista, que está usando os quadrinhos para exaltar a importância destes artistas.

“Conheci o rap pelo meu pai primeiro, ele ouvia muito Detentos do Rap, depois aprendi sobre a cultura e tudo mais pelo grafite. Faço grafite até hoje e acho que conhecer ele me fez afundar mais ainda na paixão pelo rap”, diz Gil Santos, o Load, em conversa com o site Hypeness, e que compartilho com vocês aqui.

A proposta do Rap em Quadrinhos é ilustrar 10 personalidades em uma série que vai os elevar ao posto de super heróis. Nada mais significativo, pois para muitas pessoas, o rap exerce este papel de salvador. Presente como uma das poucas alternativas de cultura para moradores das periferias brasileiras, o ritmo musical se coloca como um importante provedor de conhecimento.

“A maioria dos artistas que escolhemos são negros e os heróis também. É muito difícil achar heróis negros nos quadrinhos. Até achamos, mas a quantidade é muito inferior, o que é uma pena. Acho que com essa série, a gente consegue mostrar artistas e heróis onde crianças negras conseguem se identificar e se sentir representadas. É de extrema importância que crianças consigam se enxergar no meio da cultura do dia a dia. Sem matar seus sonhos por cor da pele ou origem”, destaca Wagner, o Loud.

O pontapé inicial foi com Emicida, aqui encarnado como Miles Morales. O objetivo do duo com o projeto é realizar exposições e debates para mostrar que o rap e a cultura pop sempre andaram juntos.

“Eu já tinha feito uma série com bandas do punk rock e hardcore como heróis da Marvel, a Punk Rock em Quadrinhos. Depois disso, queria fazer algo pro rap também. Conversei com o Load, que pirou na ideia e estamos desenvolvendo juntos. Eu desenhando e ele dando as ideias e linkando os heróis aos artistas”, destaca Loud.

A iniciativa dos jovens mostra o quanto o rap se transformou. Sem perder a essência, o ritmo está se abrindo para as novidades dos tempos modernos. Nas últimas décadas se viu de tudo, desde o surgimento da Lab Fantasma – marca de roupas e gravadora capitaneada pelos irmãos Fióti e Emicida, passando pela escrita feminista de Karol Conká, que sem papas na língua, questiona práticas machistas existentes no meio.

“Acho que hoje em dia o rap fica mais abrangente e podendo tratar de mais temas. O alcance realmente aumentou. É preciso levar a mensagem pra mais pessoas. Mas ainda tem certo preconceito com o gênero, ainda mais com letras que tratam de verdades que muita gente finge não existir”, assinala Loud.

Ficou curioso? Prepare-se, pois a próxima estrela dos quadrinhos é ninguém menos que Negra Li. A artista vai encarnar Ororo Munroe, a poderosa mutante tempestade. A escolha, de acordo com a dupla, se deu pela popularidade entre os fãs e a representatividade presente nas músicas da cantora. Não há como negar, o rap salvou e continua salvando muitas vidas. Triturando conceitos preconceituosos que insistem em existir, a música e todas e todos que formam este elo, colocam o rap como uma das manifestações artísticas e culturais mais importantes para o desenvolvimento social. Rap é cultura.

“O rap salvou várias vidas e salva até hoje. Digo que o hip hop salvou minha vida, aliás  meu canal é a prova disso, os projetos que faço são a prova disso, minhas amizades também. O hip hop salvou minha vida, porque hip hop é a união. É quando geral se une para fazer algo de bom e progressivo para todos”, finaliza Load.

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