Nunca me permiti escrever ou discutir muito sobre política, porque da maneira como ela se estabelece no Brasil admiro quem dela entende profundamente. Desta vez me atrevo a fazer reflexões sobre o assunto de maneira ampla, como forma de começar a me apoderar de uma questão que também é minha, é tua e é de quem quiser.
Sinto que há um desinteresse de grande parte de brasileiros na política que está arraigado na nossa cultura. Escutamos e reproduzimos muitos dos comentários “fazer o que, tem que votar”, “nem sei quem são os candidatos”, “é Brasil né?”, “tem é que sair desse país”, “política, religião e futebol não se discute”, entre tantos outros que estão na boca do povo.
Por isso, muitas vezes já tentei acompanhar os artigos, textos, twittes e comentários espalhados por aí para ver se me aproprio dos assuntos do momento. Entretanto, quando me deparo com eles, entendo a falta de interesse, a preguiça de se atualizar na política, pois também me sinto perdida em meio a tanta novidade no cenário da corrupção e tanto discurso de ódio envolvido.
Percebo discursos muito parecidos – é quase um preencha lacunas. Numere a ordem em que aparece no texto: corrupção… milhões… bilhões E mais metros de texto só com nomes e situações duvidosas. Fico perdida em meio a tanta sujeira e me distancio, pois essa não é a política de verdade.
A política no Brasil foi descaracterizada do seu próprio significado por ser associada muito mais a “politicagem” do que ao seu conceito original. Os livros ensinam, em definição bem simples, que ela serve para nos assegurar uma Organização Social nos mais diferentes assuntos: educação, saúde, economia, assistência, segurança, cultura e outros tantos focos de interesse coletivo.
Em outros países, onde que a política é entendida no seu conceito verdadeiro, os cargos públicos também carregam o seu significado natural, pois não são sinônimos de enriquecimento fácil, visto que os salários são apenas uma contribuição e não diferem de outros empregos comuns. Na Suécia, por exemplo, os deputados recebem somente uma pequena gratificação, visto que os políticos têm a sua própria profissão a qual eles se dedicam e tem o seu salário proveniente desta.
Pensando nisso, o quanto de debate substancial é feito acerca dos temas políticos? O quanto usamos nosso tempo pra propor novas estratégias e agir em conjunto? O quanto a própria mídia nos instiga a permanecermos nesse bate-e-volta de discussões que envolvem somente nomes e pessoas e não ideias e projetos.
Indiscutivelmente, é um avanço valioso termos acesso a todas essas informações com relação aos desvios feitos com o nosso dinheiro. Precisamos saber esses dados: quem, como, com quem, e pra onde foi nosso investimento, fruto de tanto trabalho.
Este valor que deveria estar sendo revertido no desenvolvimento do país e que é usado em benefício de poucos nos faz muita falta. O que não se pode é em meio a essas discussões polarizadas perder de vista do que realmente se trata a Política, a que ela veio e pra quem ela realmente deve servir.
Juliana Wesendonk Soeiro
Psicóloga CRP 07/26220 Contato: ju_soeiro@hotmail.com
Tel: 51.981345357
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