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Por mais noites sem medo

Eu sempre amei a noite. Na verdade, o pôr do sol é minha parte favorita do dia. Quando o dia encontra a noite formando aquele espetáculo de luzes que faz a gente refletir sobre a vida. Mas, quando eu morava em Porto Alegre e saía durante a noite, eu era acompanhada de um sentimento desconfortável. De que sempre deveria estar atenta ou de que algo ruim poderia acontecer, e isso fazia com que minhas noites não fossem tão prazerosas quanto eu gostaria. Nunca deixei de sair por causa disso, mas a sensação de falta de segurança e medo fizeram com que a noite não fosse mais minha favorita por muitos anos.

Quando me mudei pra Nova York eu voltei a ser apaixonada pela noite. E o que é ainda mais estranho: a visitar parques à noite. Jamais imaginei que diria isso. Logo eu, que mesmo durante o dia andava olhando para os lados em qualquer parque que ia.

Ontem me vi com alguns minutos de sobra antes de encontrar uns amigos para jantar. Estava ao lado do Washington Square Park e pensei que poderia matar um tempo por lá. Quando cheguei, encontrei centenas de pessoas caminhando, andando de bicicleta, sentadas ouvindo música, lendo, jantando.

Vi casais namorando, crianças brigando, amigos rindo. Sentei em frente a uma fonte que fica no centro do parque e, ouvindo minha playlist, fiquei observando as pessoas ao meu redor. Cada um estava ali por seus diversos motivos, mas todos estavam em paz. Senti uma energia tão boa que só agradeci ao universo por ter o privilégio de estar ali e sentir aquela paz junto a eles.

Esse momento que vivi ontem representa exatamente o meu mundo ideal. Um lugar seguro em qualquer horário, onde as pessoas convivam em harmonia e possam ser quem elas realmente são em paz. Isso sim é felicidade. É poder ir para a rua como quiser, quando quiser e para fazer o que quiser. Para mim, essa é a felicidade que todos deveriam ter o direito de viver.

Enfim, após alguns minutos no parque, fui encontrar meus amigos para jantar e voltei para a casa de metrô, como sempre faço.  No caminho de volta pensei no quão difícil é hoje morar em um lugar onde se tenha paz. Onde se possa ser quem se é e ser feliz. Espero ainda viver em um mundo onde se tenham mais cidades como Nova York e mais pessoas felizes e em paz.

Por Júlia

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