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Planned Parenthood e os direitos reprodutivos das mulheres

Uma das minhas instituições favoritas aqui nos Estados Unidos se chama Planned Parenthood. Ela é uma organização sem fins lucrativos que oferece serviços ginecológicos e reprodutivos a baixo ou nenhum custo. Existem mais de 80 sedes espalhadas pelo país e cinco em Nova York. Sei que eles também financiam diversas instituições ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos funciona assim: se você quer marcar uma consulta, pode fazer pelo site (plannedparenthood.org) ou ir até uma das clínicas e solicitar uma. Muitas vezes você pode ser atendido na hora, caso haja um horário vago. Você explica qual tipo de consulta deseja (eles oferecem testes de DSTs, exames ginecológicos, métodos contraceptivos e abortos), depois perguntam se você tem algum plano de saúde ou se tem condições de pagar pelos procedimentos que precisa. Aqui em Nova York, se você não puder, sem problemas, sai tudo de graça. Tudo mesmo. Vale lembrar que alguns Estados têm leis diferentes em relação ao aborto, e por isso, a PP funciona de forma diferente, para se adequar às leis de cada local.

Além da questão financeira, eles oferecem apoio e suporte psicológico, caso você precise. É um lugar onde, todas as vezes que fui, me senti segura e protegida, sem julgamentos. Desde o momento em que você entra em uma das sedes, você sente que está em local onde as pessoas vão te auxiliar. Tudo isso independentemente do seu status ou visto no país. Todos são bem-vindos.

Após a eleição do Trump, houve muito medo de que a PP fosse fechar. Isso porque cerca de 40% da renda que ela recebe vem do governo, e o atual presidente é abertamente contra um dos procedimentos feitos pela organização: o aborto. Por isso, diversas organizações em prol das mulheres têm doado ainda mais dinheiro à PP, para garantir que ela continue em funcionamento.

Um dos meus sonhos é que um dia o Brasil ofereça esse tipo de serviço para as mulheres. Sem julgamento, pressão ou discriminação. Fico pensando: por que as mulheres daqui podem realizar um aborto seguro e legal, da forma como elas gostariam e no meu país as mulheres têm que viver com medo de serem criminosas caso não queiram dar continuidade a uma gravidez? Ou pior: por que elas muitas vezes precisam morrer em busca dessa liberdade? Me parece mais uma questão religiosa do que prática ou lógica. Apenas espero que o Brasil amadureça e se desligue desses pensamentos retrógrados logo para que suas mulheres possam viver com mais liberdade.

Por Júlia Silveira

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