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Perséfone ou a Rainha do Inferno


Perséfone ou a Rainha do Inferno é um arquétipo que também está representado no capítulo 14 de Mulheres que Correm com Lobos “A iniciação na floresta subterrânea” onde Clarissa conta a história da Donzela sem Mãos. Nos dois contos, tanto Perséfone quanto a Donzela Sem Mãos são raptadas e levadas para o submundo e de lá voltam com consciência ampliada e com a percepção da força de ser duas: humana e espírito.


O diabo nas duas histórias surge como um elemento que perturba e cura ao mesmo tempo. Por atrair a mulher para um aspecto de si (lugar/inferno) que tem medo de visitar, acontece uma colisão de opostos e, consequentemente, a ativação de processos intrapsíquicos.


Perséfone como arquétipo, representa uma jovem que tem dificuldades de se separar da mãe (Deméter). O lema do relacionamento das duas é “mamãe sabe melhor”, o que não significa que Deméter seja uma mulher forte e independente, mas alguém que mantém essa couraça para que a filha não se separe dela.


Se formos pensar no desenvolvimento humano, Perséfone conta a história da saída da adolescência de quase todas nós e do sentimento de “ninho vazio” para a mãe Deméter. Como as adolescentes, Perséfone é inocente, aberta, jovem e exploradora, receptiva ao externo - o que a faz ser raptada para o “inferno”.


Essa experiência de “inferno” na adolescência é extremamente necessária e faz parte do ciclo vital. Lê-se aqui inferno não como traumas ou a exposição a grandes perigos, mas o início de um interesse que vai além do campo familiar.


A colisão retratada anteriormente, no caso de Perséfone é o mundo objetivo e o mundo subjetivo e no caso dos adolescentes é o choque do mundo exterior com o mundo conhecido da casa. Somente deste ponto de certa forma enlouquecedor, Perséfone e os adolescentes, conseguem retornar com força psicológica e espiritual, individualizados, menos ingênuos e mais atentos ao que desejam para sua vida.


Na história de Perséfone essa força descoberta a desenvolve também como artista, poeta, terapeuta, médium. Para pessoas que têm forte influência desse arquétipo, manifestar esses dons é o que pode tanto salvá-las de uma dependência materna eterna quanto de um relacionamento com um homem igualmente dominador.


Juliana Wesendonk Soeiro Psicóloga

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