top of page

Paris me fez crescer – Parte I

Primeiro dia em Paris, já estou na casa da minha amiga a mãe dela me recebe muito carinhosa, eu estava cansada, mas muito ansiosa por estar lá. Era cedo algo como 13h da tarde. Eu não estava com fome, pois estava toda desregulada com o fuso e aviões, tomo uma ducha para relaxar e me ambientar. Julia, minha amiga está no trabalho, então sua mãe, tia Ângela, me faz companhia. Juntas tomamos um chá e nos atualizamos como está Porto Alegre, pois ela vive com a filha em Paris apenas dois anos, e Júlia já vive há quatro na capital francesa.

Entre um chá e outro e vários assuntos a tia Ângela me conta sobre a educação das crianças francesas – não me recordo porque entramos nesse assunto, mas foi algo que me marcou. Ela tem um neto pequeno, acho que tem quatro anos, ela conta que ao deixar ele na escolinha as professoras o recebem com um bonjour, ele mesmo entra na sua salinha e sozinho, tira seu casaco, pendura e troca seus sapatos (lá eles não entram em casa, ou no caso na escolinha com os tênis que usam na rua). Ele mesmo tira, troca e guarda. Lembrando que é uma criança de quatro anos, eu tenho um afilhado de sete que até hoje pede ajuda para trocar o sapato. Tia Ângela é mãe de dois filhos e me comenta que a liberdade, essa educação independente que as francesas dão aos filhos a surpreendeu, mas constata que sem dúvida é a melhor forma, pois as crianças se tornam adultos mais independentes.

Eu mesma me lembro da extrema proteção comigo quando criança, algo como, não pode! Você vai cair, me dá aqui que faço para você, e por aí vai, atitudes de pais que só querem proteger seus filhos, mas que de uma certa forma, os protege demais do mundo. Eu estava lá, do outro lado do oceano, longe de casa, no desconhecido, aprendendo a tirar os calçados para entrar em casa, cada canto do mundo uma cultura, uma vivência. Talvez ali eu me sentisse uma criança que estava aprendendo a dar os primeiros passos sozinha, e de fato era isso. Caminharia por muitos km comigo mesma, aprendendo a cortar meu cordão umbilical de tudo que me prendia.

Hora de trocar os calçados e pendurar o casaco e ouvir e aprender.

Por Gabi

Comments


bottom of page