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Pare de se sabotar!

“olha só, como você se saiu bem e se tornou uma pessoa bem-sucedida!” … Quando escutei essa frase vinda de alguém da família, me questionei inicialmente se era de mim que estavam falando, porque eu não me consideraria alguém bem-sucedido. Posteriormente, tentei olhar para minha vida, pessoal e profissional, com o intuito de buscar algo que pudesse me ajudar a entender o motivo pelo qual eu fora inserida nessa categoria de “Bem-sucedida”. Procurei, procurei e não encontrei nenhum indício convincente. Definitivamente eu não era uma pessoa bem-sucedida!

Após algum tempo, escutei a mesma afirmação de outra pessoa próxima a mim. Dessa vez o elogio bateu diferente. O recebi de forma mais positiva, porém, ainda condicionando e respondendo que eu só tinha feito o que milhares de outras pessoas fazem, isto é, trabalhar, estudar, ter objetivos. Nada demais ou que pudesse ser considerado excepcional!

Um tempo depois, escutei algo novo para mim, mas que fez muito sentido… Era a tal Síndrome da Impostora! Lembro que na ocasião estava ouvindo um dos meus Podcasts favoritos (Ouçam o Mamilos, gurias!) e no programa em questão o tema era “Maternidade e o mercado de trabalho”. De tudo o que foi dito ali, ouvi várias vezes as convidadas falarem dessa tal Síndrome. Fui atrás e pesquisei sobre. Pois bem, a “Síndrome da Impostora corresponde a essa autopercepção pela qual uma pessoa se considera menos qualificada para uma determinada função, cargo ou desempenho que seus companheiros” (Jose A. M. Vela, sociólogo e doutorando em estudos Interdisciplinares de Gênero da UAM).

E então, após entender do que se tratava, foi instantâneo… Eu tinha a tal Síndrome da Impostora, aliás, todas as mulheres que eu conheço compartilham um pouco ou muito dos sintomas que indicam que você sofre da tal síndrome. E aí comecei a me questionar por qual motivo temos essa dificuldade absurda em aceitar elogios, por exemplo, ou em reconhecer nossas vitórias, sejam elas grandes ou pequenas? Por que conseguimos fazer uma lista interminável de elogios a nossas amigas, mães, pais, etc, mas nunca, em hipótese alguma, conseguimos nos auto elogiar, reverenciar nossas próprias conquistas, comemorar nossos progressos?

Por qual motivo nos sabotamos constantemente? Você já parou pra pensar que está sendo sua própria carrasca? Que está tirando todo o sabor de se deliciar com suas conquistas, com o avanço da sua vida pessoal, profissional, intelectual e por aí vai? E por quê?

Por que sempre duvidamos das nossas capacidades, habilidade e competências? De onde tiramos a ideia de que não somos merecedoras do sucesso que temos? Eu me fiz essas perguntas e cheguei à conclusão que primeiramente eu idealizei o conceito de “Sucesso”. Na minha visão utópica, ser bem-sucedida, significaria ter uma baita casa, num bairro bacana, várias cifras na conta, vários diplomas pendurados na parede, um passaporte com inúmeros carimbos de países diferentes, o trabalho dos sonhos. Tá certo, assisti a Sexy and the City demais nessa minha vida (confesso!). Mas a questão é que eu idealizei algo que não existe na vida fora das telas.

Obviamente que hoje, com apenas 28 anos, ainda almejo muitas coisas que ainda não conquistei, como aqueles tão sonhados diplomas de mestrado e doutorado. Ainda almejo poder trabalhar com o que realmente amo e que me fará feliz. Ainda almejo algumas cifras a mais na minha conta bancária (Quem não?). Porém, entendi que tudo o que conquistei até aqui não foi pouco, ao contrário é muito, é tudo!

Nada foi fácil ou veio fácil. Eu fui forte, determinada e excepcional. Sim, excepcional!

É um alívio poder dizer isso em voz alta, depois de tanto tempo negando a mim mesma o prazer de me orgulhar das minhas conquistas. Não, talvez elas não tenham seguido o caminho que a menina inocente de 15/16 anos que assistia a Sexy and the Cityalmejava. Mas a mulher que que hoje escreve essas linhas sabe que travou guerras que nunca imaginou vencer com o único objetivo de concluir de forma excepcional tudo aquilo que se propôs a fazer.

Então, minhas irmãs, gostaria que todas nós pudéssemos fazer uma pausa na nossa rotina caótica e bagunçada, para nos olharmos por um minuto, com o intuito de fazer aquele elogio que você sabe fazer tão bem a todas as pessoas que ama, mas que tem uma enorme dificuldade de pôr em pratica a si mesma. Olhe para você e diga o quanto você é capaz, competente e excepcional.

Tenha o prazer de comemorar cada vitória sua. Seja ela qual for. Celebre a mulher que você é e tudo o que você conquistou até aqui. Aceite aquele elogio que você nunca conseguiu se sentir digna de receber. Acredite, você o merece, você é importante…Você é EXTRAORDINÁRIA!

Talvez tenhamos rumado para uma sociedade da performance, que nos exige o tempo todo habilidades mirabolantes, carreiras astronômicas, feitos estupendos… Mas será que vale a pena viver para performar e internamente se sabotar?

Meu avô, que não teve acesso a educação e veio de uma família numerosa e simples, uma vez me disse que a vida tinha que ser vivida. Por esse motivo, ele comia e bebia tudo o que queria, foi a todos os lugares que pôde, mesmo que o momento financeiro não fosse o melhor. Sempre vestia imediatamente as camisetas/casacos/calças ou qualquer presente que lhe dávamos, porque segundo ele, não era possível saber o dia de amanhã. Ele foi feliz e celebrou sua vida bem-sucedida, porque para ele ter uma vida bem-sucedida era poder prover sua família, ver os filhos crescerem dignamente, ajudar na criação dos seus amados netos e bisnetos, poder proporcionar a nós os melhores momentos de nossas vidas. Ele foi bem-sucedido mesmo não tendo vários diplomas, mansões ou carros.

Desejo fortemente que todos possamos ser tão bem-sucedidos assim!

Amanda Alves Rodrigues

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