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Os limites da raiva e do perdão


O capítulo 12 de mulheres que correm com lobos descreve os limites da raiva e do perdão. No livro, nenhum dos dois é abordado com romantismo nem com simplificações. São necessários e é preciso dar espaço para ambos: a raiva não é do demônio, nem o perdão certificado de santificação. Eles têm muitas nuances.


Segundo Clarissa, a raiva é uma mestra. Pode aparecer no silêncio e no grito, pode ser potente ou extremamente danosa. O uso negativo é limitar a raiva a algo específico sem entender sua utilidade, mantendo-a eternamente como amargura.


O uso positivo da raiva é o de olhar pras próprias feridas com mais clareza, transformar em conteúdo coletivo e em soluções criativas para problemas que muito provavelmente vão além de nós mesmos. O feminismo, a luta anti-racista, a luta lgbt são exemplos claros do uso positivo da raiva. Questões aparentemente individuais que são problemas coletivos, expostos à luz.


Existe uma ilusão muito comum acerca da raiva de que nos devemos livrar logo dela. Essa ilusão vem do positivismo tóxico que coloca problemas reais para baixo do tapete.


Mas então, se não é excluindo a raiva das nossas vidas, como lidar com sentimento tão desagradável? Segundo um trecho literal do livro, a resposta é a seguinte: “Aguardar, soltar as ilusões, levar a raiva para uma escalada na montanha, conversar com ela, respeitá-la como mestra. (...)”


Só quando as raivas são acolhidas e legitimadas é possível caminhar para o perdão, já que de nada adianta um perdão dito sem ser sentido. O perdão não é um caminho namastê, onde se evoca e está feito. O perdão tem algumas etapas importantes.


Ser perdoado, perdoar ao outro ou a si mesmo requer tempo, requer parar de sorrir para as agressões, requer parar de pisar no mesmo calo.


Juliana Wesendonk Soeiro

CRP 07| 26220

Contato: 51. 989264043


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