Fui conhecer um pouco da vida de Olympe de Gouges – dramaturga, ativista política, feminista e abolicionista francesa – e, ao mesmo tempo que me encantei com sua coragem, percebi o quanto de sofrimento essas mulheres pioneiras tiveram que passar para que eu pudesse usufruir o que tenho hoje. Essa grande mulher assinou dezenas de peças de teatro e panfletos com reflexões sobre a sociedade, a condição da mulher e problemas que enfrentam as mulheres enquanto gênero. Além de tudo isso, que é um grande feito para a época em que vivia, revelou seu apoio à Revolução Francesa. Em 1791, ousou propor uma Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, sendo seu documento encaminhado à Assembleia Nacional da França para que fosse aprovado, como havia ocorrido com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789).
Entretanto, seu pensamento para a época foi considerado oposto a ideias de revolucionários que a consideraram “desnaturada” e “perigosa demais”. Assim, foi conduzida à morte, pois essa imposição de poder iria reprimir outras mulheres que talvez estivessem insatisfeitas com sua realidade. Essa história tem uma representatividade num universo de mulheres que luta pelos direitos e procura chamar tantas outras que ainda não despertaram para uma realidade que está em franca transformação.
Quando Gouges dizia: “Mulher, acorda! A força da razão faz-se ouvir em todo o universo: reconhece teus direitos. Mulheres, Mulheres, quando deixareis de ser cega?”, talvez não imaginasse que essa fala teria tanta representatividade nos tempos atuais, em que existe liberdade de expressão e possibilidade de trocar ideias. Apesar desse grande avanço em comparação com o período em que viveu, muitas mulheres ainda não encontram nesse discurso um viés que permita refletir sobre sua história e poder assim ir a busca de seus direitos.
Por sermos livres, devemos respeitar o outro, entretanto fica muito difícil entender quem não consegue se desvencilhar de quem a constrange e desqualifica como ser humano, distanciando muito da sua essência.
Olimpia de Gouges marca um ponto relevante na história das mulheres, pois foi quem inicialmente reclamou os direitos de igualdade com os homens, por isso até hoje continua sendo referência dos diferentes movimentos feministas. Suas palavras fazem cada vez mais sentido.
Ótima semana!!!
Por Rosane Machado
Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal
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