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O papel da psicoterapia numa sociedade antifascista


Posicionar-se como psicóloga (o) antifascista é importante, mas precisamos pensar a respeito da psicologia que estamos reproduzindo. Dito isto, e sabendo que a minha própria psicologia é baseada em teorias brancas e eurocêntricas, me fiz uma série de perguntas que gostaria que meus colegas também se fizessem... Abro esse convite também para quem não é psicólogo e quer entender nosso papel na construção de uma sociedade antirracista e antifascista. Aí vão as perguntas, sugiro que segure pelo menos uns segundos em cada uma delas...

- Como praticar essa psicologia antifascista se a referência estudada, recomendada e discutida é de autoria majoritariamente branca? - Como praticar essa psicologia antifascista se os próprios psicólogos são, em sua maioria, brancos? - Como entender a negritude se o inconsciente da nossa população está embranquecido?

- Como entender profundamente os simbolismos negros se o preto está culturalmente vinculado a violência, a escuridão e à morte? - Como descolonizar nosso inconsciente? - Como desvincular (do nosso inconsciente) os símbolos de branquitude como sinônimos de potência, pureza, santidade, positividade e valorização? - Como entender a psique negra se conhecemos pouco ou nada sobre as singularidades e sobre a história do povo africano?

- Como produzir sentidos de viver negros em um país que mata um negro a cada 23 minutos?

- Como desvincular do branco o senso de beleza estética e de poder intelectual?

- Como desvincular necessariamente a imagem do homem cis branco heterossexual a imagem de poder? - Como desvincular a imagem o homem preto à marginalidade? - Como desvincular do imaginário social o corpo da mulher negra ao símbolo de sexualidade?

Como disse Lucas Motta Veiga no seu maravilhoso artigo “Descolonizando a psicologia: notas para uma psicologia preta”: “Ao limitar-se às conceituações brancas e europeias sobre a saúde mental e sofrimento psíquico, a psicologia brasileira deixa de contemplar e tratar adequadamente 54% da população do país composta por negros e negras”.

A nossa psicologia precisa escurecer, bem como nossas referências e os nossos mitos. Não há nada a temer nem a perder, só pode ser rica e profunda essa experiência de conhecer a ancestralidade dos brasileiros na sua integralidade.

Juliana Wesendonk Soeiro

Psicóloga CRP 07/26220

Contato 51. 989264043

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