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O drama do amor bandido

Fonte da imagem: Purepeople

Se você ainda não conhece “Bibi”, a personagem que Juliana Paes interpreta na novela global das 21 horas, Força do Querer, já deve ter ouvido falar dela, ou conhece alguém que acompanhe a telenovela atentamente, e tenha referido em alguma ocasião, o louco amor de “Bibi e Rubinho”.

Uns a odeiam, outros, a amam. Bibi é uma mulher que ama a ponto de fechar os olhos para todos os delitos do seu homem. Ela sabe que ele é um criminoso, mas não se permite admitir. Largou um noivado com o personagem, “Caio”, no passado, um estudante de direito dedicado e ambicioso, e hoje, um grande advogado, porque buscava uma relação onde recebesse dedicação exclusiva do companheiro, e de fato, quando resolve ficar com “Rubinho”, o atual marido, tem dele, toda paixão que sempre quis.

A história de Bibi e Rubinho na ficção é baseada na história real protagonizada por Fabiana Escobar e Saulo de Sá Silva, conhecido como “Pinga”, um chefão do tráfico de drogas do Rio de Janeiro.

A história de Fabiana Escobar e Pinga, está minuciosamente contada no livro escrito por ela, que carrega o título: “Perigosa”. Segundo afirma, estava cansada de ter sua história narrada por pessoas que de fato, não sabiam nada sobre ela, seu amor por Pinga, e o universo que gravitava em torno deles.

Olhando superficialmente, a narrativa, parece ser tocante. É a moça de bem, que se apaixona pelo bandido, sabendo que ele é um bandido, embora, no início, fizesse de conta que não sabia; ela é dedicada a ele integralmente, e vice-versa. É uma boa história de amor, e isso deveria ser o suficiente, deveria bastar.

Mas a verdade, é que não é bem assim. Existem milhares de “Bibis” Brasil a fora, e o desfecho desse amor bandido, não é nenhum um pouco romântico ou novelesco, muito menos glamorouso.

No Brasil, podemos indicar conforme os números do Departamento Penitenciário Nacional, que pelo menos, das aproximadamente, 33 mil mulheres encarceradas em regime fechado, 68% estão detidas por crime de tráfico de entorpecentes, e, destas 88% entraram no mundo do crime pelas mãos de seus maridos ou companheiros.

São milhares de narrativas, como a de Bibi da novela global, de mulheres, que apaixonadas, mesmo sabendo da vida criminosa do seu companheiro, não o abandonam, ao contrário, acabam por iniciar-se no mundo do crime.

Algumas o fazem, quando o companheiro é detido, e por necessidade de dar continuidade às atividades ilícitas, mas que trazem o sustento para o núcleo da família, acabando por assumir a antiga posição que o companheiro detinha no círculo criminoso.

Neste caso, uma vez detida, a mulher, que já se encontra sem o companheiro que também está detido, tem de enfrentar outro drama, que é a entrega de seus filhos, aos familiares. Isto, quando há familiares que se habilitem para tanto. Pois quando não há familiares, e estando ausentes por prisão, ambos os genitores, ficam os filhos em casa de acolhimento, numa espera que parece não ter fim. Claro, pode haver agravantes como a perda do poder familiar e a entrega destes filhos para adoção.

Um olhar periférico sobre a realidade por traz das muitas histórias de “Amor Bandido” é o suficiente para percebermos quem mais perde neste jogo.

Não podemos deixar de registrar ainda que, as mulheres detidas, recebem 90% menos visitas de seus parceiros, em relação aos homens. É isto mesmo. Sabe aquela fila quilométrica em frente às casas prisionais, mistas ou masculinas? Pois é, isto não ocorre numa casa de detenção feminina. Vejamos o caso da Casa de detenção feminina Santa Luzia de Alagoas, que hoje aloja 237 detentas, onde somente 5 delas recebem visita de seu/sua companheiro (a).

Amor bandido custa caro, e nem de longe, é romântico como faz parecer a Rede Globo.

Singra Macedo

Rua Fernando Gomes, 128 conj. 901, Bairro Moinhos de Vento.

Porto Alegre, RS

Fone: 51 3237-0684

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