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O dia em que disse NÃO ao Projeto Verão!


Acordei naquela manhã e senti meu corpo pela primeira vez... Ali, no banho, senti cada curva dele, cada centímetro seu e reconheci, pela primeira vez, que a mudança que ele havia sofrido não podia ser vista por mim como pejorativa, faz sentido pra vocês?

Ali, depois de meses a fio confinada em casa, no interminável home office, coberta por calças largas de pijama, camisas e moletons do marido, vi o meu contorno e nos apaixonamos um pelo outro.

Eu, que sempre fui controladora em tudo e para tudo, fui forçada - assim como todos nós - a desacelerar a vida, meu ritmo pessoal e perder o controle de tudo, inclusive da "minha dieta".

Naqueles meses de isolamento eu " me dei ao desfrute" de comer uma torrada com queijo e um bom café preto pela manhã, a comer arroz com feijão e uma farofinha, a jantar a macarronada do meu marido em plena quarta-feira. Percebem a ironia de se privar de algo tão bom como comer sem culpa?


Eu caí em queda livre e me soltei de mim mesma - ou daquela versão que contabilizava tudo, o que incluía os livros lidos no mês, as calorias do dia, as tarefas do trabalho finalizadas antes do prazo - eu me perdi de mim! E que bom!

E, após meses sem me sentir e olhar, tomei aquele banho matinal demorado, tocando meu próprio corpo, me vendo nua no espelho como eu realmente sou, sentindo que aquele corpo que eu tinha regado a restrições que eu me impus e a treinos 5 ou 6 vezes por semana só existia porque eu o forçava a seguir aquele ritmo marcado e regido por mim.

- Descanse em paz, velho amigo!

O meu período de isolamento - ou Home Office - foi tão difícil como o de todas vocês... Também passei por todas as fases possíveis, também ganhei alguns quilinhos que me tiraram o sono, também senti que havia perdido o controle de tudo, mas... Uma chave virou em mim absurdamente e tudo isso veio com os temidos 30 anos ( que não são mais tão terríveis assim hahahaha). Antes de chegar aos meus 30 anos eu buguei e senti que precisava fazer um milhão de coisas, inclusive, ter um corpo de verão, um corpo "perfeito". Vi amigas emagrecerem horrores nesse período, malhando todos os dias em casa e me senti uma fracassada, quem mais se identifica?

E então, naquela manhã fria de julho, eu entendi que perder o controle e entender que eu ainda vou passar por muitas mudanças ao longo da vida me libertou de uma maneira inimaginável. Acho, inclusive, que o meu grande aprendizado dos últimos anos foi justamente aprender a me libertar.

Eu sei que nesse momento você deve estar pensando: Ok, linda! Agora você vai vir com esse papo gratiluz pra cima de mim? E eu super entendo esse primeiro pensamento e me solidarizo, girls! Mas o que estou trazendo aqui é um entendimento de que aceitar o meu corpo não significa me conformar e dizer " Ok, eu desisto de tudo e vou me largar". Não é sobre isso!

A reflexão que proponho é no sentido de nos questionarmos sobre os motivos que nos levam a nos forçar a entrar em todas as dietas da moda, ou a focar em tudo aquilo que julgamos negativo no nosso corpo ou a nos compararmos com a blogueira do instagram. Já se perguntaram em que momento nós assinamos esse pacto coletivo de ódio ao nosso corpo? Por que todas precisamos ter corpos iguais, cabelos iguais, roupas iguais? Por quê?

O meu processo de autoamor e autoconhecimento, iniciado nos últimos 4 ou 5 anos ( obrigado bell hooks), tem me mostrado - e provado - que eu preciso entender as raízes das minhas inseguranças e também a questionar quem as implantou em mim. Eu já ouvi de algumas amigas coisas do tipo " Ah, mas tu é padrão. Teu corpo é padrão. Tu encontra roupas em qualquer loja". E sim, eu concordo. Porém, mesmo tendo um corpo considerado "padrão", sinto o peso da pressão estética sobre mim, me sinto inadequada como todas nós nos sentimos, me sinto fora da caixa por vários motivos.

Eu também tenho vários momentos de crise, tenho vários momentos de "neura" e tenho váaaarios dias em que me olho no espelho e não gosto do que vejo refletido. Mas, insisto com vocês (e também comigo mesma), em nos olharmos com aquele amor com que olhamos para nossas amigas quando nos contam sobre suas inseguranças... É esse olhar de autoamor que tenho buscado e que convido todas vocês a encontrar.

Sei que quase todas já ouvimos falar do movimento Body Positive ( corpo positivo), mas será que entendemos de fato o que essas duas palavrinhas significam? Não quero e nem posso te dizer que você tem que se olhar todos os dias e se "aceitar". Eu não tenho o direito de te impor um outro padrão. É como pedir pra você se libertar e logo se acorrentar a uma corrente diferente. O que eu quero é que assim como eu, vocês façam uma reflexão sobre o que as motiva a seguir determinada dieta ou a se exercitar? Eu posso dizer com toda a franqueza do mundo que a minha antiga motivação era perder os quilinhos que eu sempre achava que tinha que perder e "morrer" malhando pra estar sempre "bem". Não vou mentir e dizer que não me importo com meu corpo esteticamente falando, é claro que sim! Porém, eu tive o entendimento de que meu corpo me leva a qualquer lugar, que ele mudou ao longo dos anos junto comigo, que aquelas estrias na lateral da minha cintura - e que me acompanham desde os meus 15 anos de idade - permanecerão aqui, que aquela celulite na minha coxa vai ficar comigo e que vamos ter que nos conhecer melhor, que talvez eu não tenha a barriga chapada fruto da lipo led igual a da blogueira e que talvez eu não faça yoga às 6h da manhã e mais 3 treinos ao longo do dia, comendo orgânicos e produtos veganos. É sobre isso e tá tudo bem, girls!

Eu tenho me exercitado como nunca nos últimos meses, fazendo atividades que eu realmente amo, como aulas de jump ao som de Anitta, a pedalar no trajeto de volta pra casa, recebendo as bênçãos de Oxum e renovando a minha vitamina D, ou extravasando os estresses diários no funcional das gurias, ouvindo as melhores playlists e de quebra acompanhada de uma das minhas melhores amigas ( valeu Su!).

Enfim, com toda essa reflexão, quero te convidar a entrar o ano de 2022 se amando, se cuidando, se exaltando lindamente, amando a mulher que eu sei que você tem batalhado pra ser. Eu quero que todas nós possamos entender que não há nada mais revolucionário do que uma mulher que se ama - sem hipocrisia -. Eu não abro mão do meu arroz com feijão, não abro mão da macarronada deliciosa do meu marido e nem do meu vinho no fim de semana, mas eu entendi que o meu corpo é o meu templo e que ele precisa de cuidado, de equilíbrio e de afeto.

Eu quero um coro de todas nós gritando bem alto que se F%$#@ O PROJETO VERÃO! Eu quero todas lindas, com seus bumbuns no sol e de preferência num bom biquini asa delta coloridão.

PS: Sigam mulheres que se pareçam com vocês e/ou que tenham uma mensagem de amor e não de ódio ao nosso corpo. Indico pra vocês alguns perfis, são eles:

@ritacarreira;

@movimentocorpolivre;

@badgalriri;

@fluvialacerda;

@luizajunqueira;

@lizzobeeting; @ashleygraham; @lobomari @alexandrimos

@dorafigueiredo Tenham um 2022 lindo, solar e cheio de autoamor e autocuidado! Até a próxima, irmãs.


Por Amanda Alves Rodrigues



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