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Não é não

Esse foi o mantra usado por jovens durante o período de carnaval para proteger seu espaço de homens que, ao ficarem alcoolizados, ou não, tentam se aproximar de forma ostensiva, sem respeitar o direito do outro, que deixa claro muitas vezes que não corresponde ao assédio.

Entretanto, mesmo tatuando nos corpos “não é não”, com grande exposição nas redes sociais e na mídia sobre o seu significado, visando, dessa forma, alertar sobre o tema e auxiliar essa campanha de proteção à mulher, que, na maioria das vezes, se sente indignada com as investidas, o que gera, em algumas ocasiões, agressão física ou verbal, milhares desconsideraram esse fato.

O que me causa certo questionamento é o fato de em pleno século XXI ainda ter que estar escrevendo sobre isso, quando na verdade o homem já deveria ter outro comportamento em relação a sua parceira ou até mesmo desconhecida, pois a civilização humana evoluiu muito desde os tempos da caverna, em que o homem arrastava sua esposa pelos cabelos, e ela de forma prestativa auxiliava esse homem para que ambos pudessem sobreviver com o recurso que tinham.

Surpresa fiquei ao escutar o depoimento de um homem dizendo que se sentiria diminuído perante o grupo caso deixasse de fazer suas investidas deselegantes, e por vezes forçada, e ainda poderia correr o rico de não ser mais aceito pelo grupo. São homens afoitos para encontrar uma “presa fácil” que ceda facilmente a seus preteridos encantos. É inaceitável que o homem pense que ainda precisa desse reforço feminino para sentir-se viril.

Acredito que muito tem que ser feito para educar esses jovens que ainda estão apreendendo o que de fato representa ser homem. Que possam se desprender do modelo machista que maltrata, desqualifica, faz sua companheira adoecer por ter que renunciar, por sentir-se diminuída e incapaz de gerenciar sua própria vida. Muito ainda tem que ser feito, mas o que me conforta é que felizmente podemos expor nossas angústias e partir em busca de uma vida a dois com qualidade e parceria.

Ótima semana!

Por Rosane Machado Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal

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