Ultimamente, observo as pessoas estressadas, desanimadas, em parte por todo esse processo que estamos vivendo de isolamento. Parece que estão cansadas de pensar, planejar, sonhar, pois tudo está tão distante, no imaginário de quem consegue se reinventar e criar um futuro promissor. É importante observar que quem não se desprende da realidade e, devido às notícias, muitas vezes assustadoras, fica na expectativa do pior acontecer, acaba se entregando ao desespero e tem dificuldade de focar no positivo, na possibilidade, mesmo que remota, de uma nova perspectiva.
Para esse novo mundo que nos aguarda, visto que sairá modificado, renovado, devemos aprender uma nova forma de nos relacionarmos com o outro. Será preciso sermos mais tolerantes, aproveitarmos cada encontro e nos aquecermos num longo abraço de um amigo, filho, parceiro. Da mesma forma, sentirmos na profundeza da alma o encanto de mais um dia, da chuva tocando o telhado, do vento soprando na janela, do tempo que passa e não volta mais. E, sobretudo, sermos eternamente gratos.
Devemos aprender que com esse simples gesto nossa vida terá um novo formato, agora ciente da finitude que ronda a humanidade com a fragilidade a que somos todos inseridos.
Enfim, tudo poderá ser para melhor, mesmo que os céticos tenham dificuldade de vislumbrar dias melhores, presos em suas convicções teóricas, com medidas, cálculos, gráficos que avaliam e mostram suas limitações em não acreditar mais num futuro diferente.
Rosane Machado Mestranda em Estudo sobre as Mulheres, Gênero e Cidadania pela UAB de Lisboa
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