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Novo documentário da Netflix conta a história de 4 mulheres contra o dinheiro na política

Em uma manhã fria e ensolarada, uma jovem mulher entra em um bar, cumprimenta os colegas e começa a trabalhar enchendo um balde com gelo, para depois arrastá-lo pelo chão em direção a um elevador. Esta mulher não sabia disso, mas meses depois ela seria eleita deputada pelo 14º distrito de Nova York, uma área da cidade que abrange porções do Queens e Bronx.

Falamos de Alexandria Ocasio-Cortez, uma descendente de latinos formada em relações internacionais que foi trabalhar como garçonete para ajudar a família após a morte do pai. Membro da organização Democratic Socialists of America (DSA) e vinda de uma família da classe trabalhadora, ela pegou de surpresa os americanos ao vencer nas eleições primárias a disputa contra Joe Crowley, democrata que há quase quinze anos ocupava o posto depois conquistado por AOC. O motivo: a campanha dele aceitava doações de grandes empresas — e a dela batia de porta em porta para conhecer o cotidiano dos moradores daquele distrito. Ocasio-Cortez derrotou Crowley levando 57% dos votos (quase 16 mil nova-iorquinos), enquanto o adversário ficou com 42.5%.

“Virando a Mesa do Poder” (“Knock Down the House”, 2019), documentário dirigido por Rachel Lears disponível na Netflix desde a última quarta-feira (1), o Dia do Trabalho foi exibido no Festival de Sundance em janeiro deste ano, como longa-metragem venceu o prêmio da audiência.

Embora seja a mais popular, AOC é apenas uma das quatro democratas progressistas que surpreenderam nas eleições primárias de 2018. Amy Vilela, Paula Jean Swearengin e Cori Bush, disputando por Nevada, Virginia Ocidental e Missouri, respectivamente, perderam — mas deram sinais de que acentuar a curva à esquerda talvez seja a estratégia mais efetiva para emplacar vitórias progressistas em um cenário em que Donald Trump é presidente. Mas, menos simplista do que a dicotomia entre vilões e heróis, vencedores e derrotados, é importante entender como o dinheiro influencia a vitória ou a derrota de um candidato. E, enfim, vale a pergunta: isso é democracia, se o dinheiro elege seus representantes?

O movimento

Por trás das quatro mulheres está o Brand New Congress (“Congresso Novo em Folha”, em livre tradução para português), uma organização conduzida por apoiadores do socialista Bernie Sanders, que perdeu as primárias contra Hillary Clinton no ano em que Trump foi eleito. A intenção do Brand New Congress é levantar fundos e providenciar uma equipe para pessoas comuns, independente de filiação partidária, para concorrer ao Congresso dos EUA.

Em um cenário mundial de crise da democracia representativa, Ocasio-Cortez, Vilela, Swearengin e Bush saíram diretamente do anonimato para fazer frente em pautas como ensino superior e serviço de saúde gratuitos e de qualidade, direitos civis, políticas ambientais de combate à mudança climática e economia justa para os mais pobres.

Em 2018, ano em que AOC foi eleita, o poder legislativo americano passou a abrigar uma quantidade recordista de gente que é o oposto do atual presidente: 117 mulheres estão no Congresso e o Senado; pelo menos dez membros de ambas as casas são abertamente LGBTQ+; e negros ocupam pelo menos 50 cadeiras na Câmara, de acordo com o Vox e a Exame.com.

“Não é direita contra esquerda, é quem está em cima contra quem está embaixo”, afirma a deputada em uma cena de “Virando a Mesa do Poder”. As próximas eleições na América acontecem só em novembro de 2020 — mas, no que depender de AOC e de outras mulheres inspiradas em sua história, os espaços de poder serão ocupados por quem até pouco tempo atrás só votava. A principal vitória já veio: a esperança de que as pessoas do nosso dia a dia podem fazer a diferença.

Fonte: hypeness

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