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Neurônios espelho e a mudança de cultura

Na década de 1990, Rizzolatti e colaboradores, ao pesquisarem macacos Rhesus, descobriram que alguns neurônios da área F5, localizada no lobo frontal, eram ativados quando realizavam uma atividade motora, como pegar uma fruta, por exemplo. Mas também eram ativados quando o macaco observava um outro indivíduo (macaco ou ser humano) realizando esta tarefa. Assim surgiu a teoria dos “neurônios espelho”.

É possível que pessoas no mundo inteiro estejam, neste momento, de acordo com os neurônios espelho, tendo as mesmas ideias, sem jamais terem entrado em contato umas com as outras, ou acessado as mesmas informações. Ao nos esforçarmos para mudar comportamentos tão arraigados quanto o machismo na nossa sociedade, o racismo e toda a forma de discriminação – mesmo que em pequenos grupos – estaremos contribuindo com o aparecimento de outros movimentos em outros lugares do planeta.

Utopia ou não, serve de alento aos buscadores de uma sociedade mais justa pensar que não estão sozinhos e que poderão, de alguma maneira, se fortalecer, quando cansados. Afinal, mudar uma cultura não é tarefa fácil. É cansativo, dá muito trabalho e, às vezes, parece que se “choveu no molhado”. Se a pele é o que nos contem dentro de um corpo, nos diferenciando, nos separando, os neurônios são o que nos liga e nos aproxima, mostrando que podemos fazer a diferença, sendo a diferença. Modelos que nos escravizam podem ser mudados. Para isso, temos que resistir às facilidades que o modelo pronto impõe.

O acesso à educação é uma resistência. O acesso à opinião, à cultura, à arte, à saúde, ao trabalho, não importando sob qual adversidade estejamos submetidos, é resistência.  Pergunte a uma criança se ela já cansou de aprender e verá que a resposta será muitas perguntas sobre isso, pois elas são pura resistência.

Por Ivete Machado Vargas

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