O capitulo 11 do Mulheres que correm com Lobos fala do obsceno sagrado. Transmite a ideia da própria sexualidade como sagrada e mais especificamente traz que, algo de obsceno, faz parte. Mais do que isso, algo de obsceno é essencial para uma vida (sexual) plena.
Porém, Clarissa faz distinção importante do vulgar: O vulgar é uma preocupação em demasia com o sexo. O sexo, é justamente o oposto, não ficar preocupado com nada. Porém, o vulgar, como está relacionado com o desejo de outro - e não com o desejo selvagem da mulher - é apelativo.
Para isso, Clarissa conta histórias das deusas sujas, ou deusas da obscenidade. Deusas estimuladoras de desejo. Elas são alívio medicinal pra todas que se sentem sufocadas pela “boa educação” esperada pela moralidade social.
Essas histórias tem o mesmo poder que quando um grupo de amigas se encontram para falar de bobagens das próprias experiências sexuais, acendendo não só a libido, mas um interesse genuíno pela vida. Essas histórias provocam boas risadas que fazem a mulher suspirar, gargalhar, para poder respirar melhor em seguida.
Segundo a Clarissa “O riso é o lado oculto da sexualidade feminina: ele é físico, essencial, arrebatado, revitalizante e, portanto, excitante”. É a sexualidade da alegria que é a sexualidade mais selvagem da mulher.
Quem não precisa se revitalizar nesse momento de tensão que estamos vivendo? É importante encontrar um espaço com as deusas sujas, fazer piadas bobas, sujas, limpas. Encontrar mulheres ainda que virtualmente para compartilhar desse riso. Se há um problema sexual, há um problema de alma e vice-versa. Se há um problema de alma, o sorriso sagrado é medicina.
“Quando o riso deixa as pessoas alegres por estarem vivas, felizes por estarem aqui, com maior consciência do amor, elevadas pelo eros, quando ele desfaz sua tristeza e as isola da raiva, ele é sagrado. Quando elas se tornam maiores, melhores, mais generosas, mais sensíveis, ele é sagrado.”
Juliana W. Soeiro
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