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Mudança de planos

Até a pessoa mais planejada do mundo já teve que mudar de caminho. Mesmo quando a gente tem plano A,B,C e D, a vida pode desviar a tua rota e te trazer pra situações inesperadas – boas ou ruins.

Recentemente, fiz uma mini-férias pra Bahia que valeram meu ano. Além de ter sido uma viagem bem inesperada pra mim, ainda resultou em muita história pra contar, fiz muitos amigos e conheci pessoas surpreendentes. Nem nos meus melhores sonhos eu tinha esperado uma viagem assim tão boa.

Mas não é exatamente desse momento inesperado que eu quero falar. Dentre essas pessoas interessantes que eu conheci, conheci o Yosi. O Yosi é um espanhol de mais ou menos 32 anos que estava viajando pra Bahia com dois amigos. Até aí tudo normal.

O que chamou a minha intenção e a de todo mundo que olha pro Yosi pela primeira vez é que sua perna direita é uma prótese. Eu estava curiosa, mas cheia de “dedo” pra perguntar pra ele o que tinha acontecido, pensei “ah, não vou fazer ele lembrar desse momento ruim agora que a gente está aqui na Bahia curtindo, nem vou perguntar”.

Foi quando o próprio, depois de sair do mar, estava tirando a água da sua prótese começou a me falar o que tinha lhe acontecido. Tranquilamente e com a maior naturalidade do mundo me disse que teve um acidente de trabalho que o fez perder a sensibilidade da sua perna/pé e o tiveram que amputar.

Sem nenhuma pena de si mesmo disse que naquele momento tomou uma decisão importante. Chorou por 5 minutos, secou as lágrimas e resolveu fazer do limão uma limonada, ou uma caipirinha. Me disse: nesse momento eu descobri que eu sou forte.

Como está assegurado pelo governo por toda sua vida e, no seu país, recebe tudo bem direitinho, Yosi decidiu que iria viajar o mundo, iria fazer tudo o que gosta e não iria trabalhar. Eu ingênua perguntei: e tu não tem tédio por não trabalhar? Yosi soltou uma baita gargalhada e me disse: de jeito nenhum, a sociedade te impõe milhões de coisas e agora eu posso escolher. Pinto, leio, escrevo, viajo, faço tudo que eu quero fazer.

Claro que viver na Europa nessas condições é mais fácil em todos os sentidos e é claro que ele foi privilegiado de diversas maneiras pelo seu contexto social. No entanto, de jeito nenhum isso tira o seu mérito de escolhido viver bem, escolhido olhar para sua dificuldade como uma oportunidade de ser ainda mais feliz.

Juliana W. Soeiro

Psicóloga CRP 07/26220

Contato 51.98926.4043

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