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#MeuMotoristaAbusador#

#MeuMotoristaAbusador# A escritora Clara Averbuck conta ter sido estuprada por um motorista do Uber em São Paulo após retornar de uma festa divertida num lugar especial com amigos. Jamais pensou em se tornar parte da estatística e ser mais uma entre tantas mulheres que são acometidas diariamente por todo tipo de violência e dominação que, muitas vezes, leva ao óbito. Na verdade, existem sempre comentários que colocam a mulher numa posição de responsável pelo ocorrido, como estar com roupa imprópria para a ocasião, ter feito gestos comprometedores e insinuantes que levaram o homem a agir de forma instintiva e impensada, ou que ingeriu bebida alcoólica em excesso e, portanto, não tinha condições de discernir seus próprios atos e merecia ser atacada brutalmente, talvez como uma forma de repreensão para ficar mais atenta da próxima vez e não levar o agressor ao delírio só de imaginar o que poderia ser feito com seu estado vulnerável. Enfim, a mulher é que fica com o ônus pelo assédio no transporte público, que gera trauma e insegurança nas mulheres que precisam trabalhar para sustentar o lar. Clara ilustra bem o que passou: “Fui violada de novo, violada porque sou mulher, violada porque estava vulnerável e, mesmo que não estivesse, poderia ter acontecido também”. Ser mulher num contexto machista implica, muitas vezes, em renúncia e receio constante do que possa acontecer em suas vidas, pois além de ser uma questão cultural de que o homem é soberano nas escolhas, é algo que ultrapassa a atualidade sem ter perspectivas de mudança. Esse caso só veio à tona por ser de alguém ligada aos meios de comunicação e sentir necessidade de dividir com outras tantas mulheres para que as incentivasse a denunciar e não ficassem caladas com receio ou vergonha do ocorrido, pois só assim as autoridades poderão buscar solução que nos favoreça. “Que meu caso sirva para que outras mulheres não tenham medo de expor o acontecido. Que não se culpem. Que, se não se sentirem seguras para fazer uma denúncia formal, sejam respeitadas. Porque o sistema é um conto de fadas malcontado”. Clara convida as mulheres a denunciarem situações de assédio utilizando as hashtags #MeuMotoristaAbusador# e #MeuMotoristaAssediador#, pois somente a união de forças pode trazer resultados que diminuam esses atos e possam assim educar esses jovens a não serem tão violentos e transgressores, visto que eles serão os homens do futuro, que pretendemos que sejam os transformadores dessa sociedade machista atual. Chegou a hora de dar um basta. As mulheres que nunca sofreram esse tipo de violência também precisam entrar nesta luta, pois nenhuma está livre de passar por isso. Há muitas mulheres que têm uma visão “machista” e acabam passando esta mensagem para seus filhos e filhas. Pedimos a estas que revejam seus conceitos e se ponham no lugar das mulheres violentadas e das famílias que sofreram com um familiar violentado ou que perderam um nessa condição. Somos todos seres humanos, não importa o gênero, a raça, enfim, somos todos iguais e merecemos respeito.

Entre nesta luta, você também!! Por Rosane Machado Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal

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