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Mais uma vítima… até quando?

A jovem Mayara Amaral de apenas 27 anos foi mais uma vítima da violência de gênero na cidade de Campo Grande. Uma pessoa aplicada, com mestrado sobre mulheres compositoras de violão pela UFG, teve sua vida encerrada de forma brutal por quem se dizia apaixonada. Por ironia do destino, ou por ser considerada frágil, fora conduzida a um motel com mais dois amigos do namorado, onde o desfecho se fez, combinado com marteladas na cabeça e corpo carbonizado, ficando apenas uma das mãos ficou intacta.

Como entender que poderia haver sentimento nesse caso? Ele gerou uma comoção, não por ser único, pois diariamente acontecem atrocidades semelhantes, mas muitos são escondidos, silenciados com receio de represália. Estaria a jovem tão envolvida por esse homem ao ponto de não enxergar sutilezas na relação que denunciassem um comportamento agressivo?

A socióloga Carmen Ruiz Repulho, autora de um estúdio que analisa os sinais da violência machista na adolescência, assinala que a invisibilidade da violência de gênero acontece no início da relação, já que jovens de 22 anos acreditam que qualquer atitude pode ser trocada através do amor. Esse modelo de masculinidade hegemônica tem também seu reflexo nas próprias relações sexuais de familiares que vivem violência de gênero, pois, na totalidade dos casos, as vítimas têm sofrido algum tipo de violência sexual que não reconhecem. Hoje, os jovens vivem a banalização dos encontros. Nesse final de semana, presenciei jovens às 9h da manhã ingerindo bebida alcoólica em lugar público e atiçando suas companhias a entrarem em jogos perversos, caso contrário não estariam sendo bem-vindas.

As notícias parecem estar distorcendo os fatos ao não conceber esse tipo de crime como feminicídio. Talvez por ser uma lei que entrou em vigor em março de 2015, portanto considerada recente, ou por causar estranheza por ser uma questão da condição feminina. Mas até quando teremos que conviver com essa realidade? Os pais precisam ficar alertas quanto às companhias de seus filhos, para que não se surpreendam negativamente como ocorreu com os familiares de Mayara.

Ótima semana

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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