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Insegurança

Falar sobre insegurança nunca é fácil. Na minha história muitas vezes me identifiquei como uma pessoa “insegura” e isso têm conseqüências. No escuro da noite ou durante o clarão do dia muitas vezes esse fantasma aparece e me amedronta. É difícil conviver com uma voz interna que te desvalida, que acha que tu não vai conseguir, que se compara com outros, que – literalmente – existe só pra te botar pra baixo. Por outro lado, o cérebro acostumado com esses gatilhos sabe como ninguém fazer várias conexões negativas quase que “sozinho” quando quer. Os pensamentos são muito rápidos. O cérebro da gente é uma máquina tão poderosa quanto perigosa – nunca deve ser subestimado. O maior perigo da insegurança é que ela bem traiçoeira quer boicotar vários aspectos da vida. É como um veneno dentro do corpo se espalha para todos os lugares sem pedir licença. Porém, agora, para a indignação da minha insegurança, vou expor ela para “todos” verem. A insegurança odeia ser exposta, então vamos lá. Vou contar um pouco de como começou uma crise de insegurança que tive nesses últimos dias. Recentemente tomei uma decisão de mudar de emprego, estou com clientes novos na clínica, há pouco tempo também decidi por um término de relacionamento que não estava me fazendo bem, comprei uma viagem internacional e estava (estou) reorganizando a minha vida para essa nova fase. Tudo estava andando conforme os planos. Porém, junto com o “novo” veio de brinde o “medo”. Óbvio, já era de se esperar o aparecimento dele. Para muita gente um medinho razoável totalmente administrável, mas pela minha identificação com esse rótulo de “insegura”, veio como uma tsunami de emoções. Como vou dar conta¿ E agora¿ Não estou preparada… e vários outros pensamentos destrutivos. Ser amiga de si mesma às vezes é bem difícil, então recorri às amigas externas. Depois de longas conversas com amigas de verdade, porque só eu de minha “amiga” estava muito complicado, pude perceber alguns pontos importantes desse comportamento. Muitos são bem óbvios e até clichês, mas a gente esquece. O primeiro deles é que a insegurança está ligada a uma necessidade extrema de perfeição, de fazer dar certo, de não conviver bem com o erro, de não se permitir errar para aprender. É um trabalho de humildade poder identificar que erramos e poder aprender, sem tanta punição. O segundo é não se identificar com os erros – não achar que os “erros” nos caracterizam por quem nós somos. Nem as qualidades nem os nossos defeitos separadamente identificam quem nós somos. A luz e a sombra fazem parte dos nossos dias e também fazem parte do que nos constitui. A terceira e talvez primordial é seguir os planos, mesmo que com medo. Ele não vai embora do dia pra noite, briga por espaço e por atenção. O que ajuda é poder encarar isso, expor, ser vulnerável, ouvir os amigos. Não tem receita de bolo para a vida dar certo, só o que existe é tentativa e erro: se estagnamos no medo sem tentar, o resultado já está dado – nenhum. Se tentarmos e não der certo podemos, pelo menos, aprender.

Juliana W. Soeiro Psicóloga – CRP 07/26220 (51) 989.864.043

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