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Feminicídio – ainda um tema atual…

O ano novo estava chegando quando uma família foi surpreendida dentro de casa por disparos de arma que atingiram quase todos que estavam na comemoração. O que era para ser uma festa de final de ano transformou-se num pesadelo. As pessoas começaram a tombar no chão, alguns ainda, antes de silenciar, definitivamente puderam ver o que estava acontecendo, mesmo sem entender. Poucas pessoas sobreviveram, e um deles foi um jovem que conseguiu se esconder no banheiro e ligar para a polícia.

O autor desse crime bárbaro chama-se Sidnei. A razão é o fato de sua ex-esposa estar se sentindo feliz sem estar ao seu lado. Não admitia vê-la sorrir ou sonhar sem poder compactuar ao seu lado desses momentos. O simples fato de pensar nessa possibilidade o deixava intranquilo, ao ponto de atirar em seu próprio filho, um menino de apenas oito anos de idade.

Mas esse homem foi além, pois seu ódio a todas as mulheres da família foi registrado em áudios e cartas. Quis justificar seus atos usando palavras vulgares, desqualificando todas. Esperou uma data em que estivessem reunidas para exterminá-las, e a cada tiro seu prazer aumentava. Uma satisfação ímpar de quem tem uma mente comprometida.

Que direito tem alguém sobre outra pessoa de restringir a existência do(a) parceiro(a) a seu próprio desejo, fazendo com que respire seu próprio ar e funda-se em sua existência, transformando-se em um único ser. O quão egoísta é o ser humano de querer impedir o crescimento pessoal de quem julga amar, muitas vezes agredindo com palavras para intimidar e impedir a outra pessoa de buscar seu ideal. Aprisionando-a a seu lado apenas para corresponder aos seus anseios.

Isamara é apenas uma entre tantas mulheres que querem se desprender de homens cruéis para ir ao encontro de sua felicidade, pois ao lado de homens como Sidnei dificilmente irão encontrar a plenitude nessa existência. Apenas passará por ela como espectadora, contemplando as meias verdades, os poucos encontros que a gratifiquem, pouca realização ou nenhuma, tempos sombrios e nebulosos escondidos nesse outro que as impedem de usufruir tudo aquilo que lhe pertence e é seu.

Não há palavras para definir um ato como este de violência.

Para concluir, desejo que 2017 seja um ano de mudanças positivas para o mundo em todos os sentidos, mas, principalmente, que as pessoas tenham consciência de seus atos, mais amor ao próximo, respeito e solidariedade.

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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