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Fazer as malas faz bem

Faz um ano que eu dei tchau para as pessoas que mais amo nesse mundo. Que senti um vazio enorme no peito e um pouco de culpa. Que chorei durante um voo de mais de 10 horas. Que peguei umas malinhas e vim me aventurar e explorar o outro lado do mundo. Mal sabia que o que eu estava fazendo mesmo era aprender sobre mim. Aprendi que sou muito mais forte do que pensava; que posso fazer muito mais; que tudo é uma possibilidade; que o mundo é um grande mar de oportunidades e que a minha felicidade é minha escolha.

Já tinha viajado sozinha antes, quando fiz um mochilão para a Europa com 20 anos, o que pra mim, que sempre fui grudada na minha família, tinha sido um ato de coragem enorme. Passei por várias situações penosas (tive a mala roubada logo que cheguei a carteira furtada em um bar e fui assediada nas ruas), mas nada disso me impediu de dizer que foi uma das viagens mais importantes da minha vida. Foi um momento de aprendizagem e de autoconhecimento gigantescos. Aprendi a me virar sozinha, a pedir ajuda quando precisei e a ter coragem de enfrentar meus medos. Fiz amizades incríveis que duram até hoje e conheci pessoas que chamo de anjos porque tiveram papéis essenciais na minha aventura pelo Velho Mundo. Eu acredito que as pessoas aparecem nas nossas vidas por algum motivo, ainda mais quando estamos precisando. E viajar sozinha me mostrou que isso é pura verdade. A quantidade de pessoas incríveis que eu conheci por aí é o que mais faz tudo isso valer a pena.

Hoje eu moro em Nova York e vim por meio de um intercâmbio que está mudando a minha vida. Mudou a minha forma de ver o mundo e de me ver. Realizei o maior sonho da minha vida porque decidi que era o que eu queria e fui atrás disso. No fim das contas, quem decide o meu futuro sou eu, né?

O que eu quero com esse texto é dar um conselho para aqueles que pensam em viajar e sair do país por um tempo. Façam. Saiam, viagem, vejam, sintam, experimentem, arrisquem. Que seja pra qualquer lugar, pelo tempo que der. Uma coisa que aprendi é o quão importante é sair da própria zona de conforto. A gente muda fica mais forte, mais independente e aprende a ver o mundo com outros olhos. E não tem sala de aula ou escritório que nos ensine isso (e disso eu sei bem).

Sei que dinheiro pode ser um empecilho, mas acredite, eu vim com muito pouco. E me virei sozinha, ainda me viro. Às vezes a gente tem que se desprender de alguns luxos e mimos que a gente nem percebe que tem como poder comer a comida de mãe todos os dias, dormir na própria cama e abraçar quem a gente ama antes de ir dormir. Mas digo com muita certeza que nunca fui tão feliz quanto sou aqui, e nunca aprendi tanto. Ah, e última coisa: um dia a gente volta pra casa, onde quer que seja, e vê quanto amor a gente deixa em cada lugar que passa. E isso é pra sempre.

Por Júlia

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