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Eu preciso das minhas irmãs!

“Não há nada como uma conversa com uma mulher que te entende. Eu me sinto melhor após essas conversas, eu preciso das minhas irmãs” (Beyoncé Knowles-Carter, documentário Life Is But A Dream).

Que a cantora, empresária e ativista, Beyoncé Knowles-Carter, é sinônimo de dedicação nos segmentos que se propõem, não temos dúvida. Apesar de ser uma fã  de carteirinha, minha admiração pela cantora vai muito além da Pop Star que ascende nos palcos de forma formidável… Acho que o que mais admiro nela é a sua dedicação aos seus objetivos, mesmo diante de críticas duras e perversas, assim como sua notória dedicação as pautas feministas/raciais (principalmente as dedicadas ao empoderamento de meninas por meio da educação), à família ( não é mesmo senhor Jay-z) e aos amigos.

Beyoncé frisa em suas letras e entrevistas a importância do suporte que nós mulheres damos umas as outras, seja em momentos bons ou ruins. Seja para aquelas conversas existencialistas ou aquelas bem bobas, tão necessárias para o bem da nossa sanidade.

Felizmente, cresci rodeada por uma família grande e com muitas mulheres, que carregam em si essa ideia já tão internalizada que é a do suporte mútuo. Exemplo disso, são as tradições que ainda são mantidas fortemente e passadas de geração para geração, como os chás de bebê ou de panela… Engraçado falar dessas tradições, quando lembro que ali pelos meus 15 anos, cheia de rebeldia, muito “achismo” e pouca experiência de vida (não que eu seja uma especialista hoje!), achava essas reuniões a coisa mais sexista e sem utilidade do mundo. É feio, eu sei, mas lembro de sempre ficar com pena da pobre mulher, ali sentada, rodeada de tantas outras, seja no chá de bebê ou de panela. Eu via só o lado que eu julgava ruim naquelas ocasiões, mas nunca parei pra entender o legado por trás disso.

Não muito distante, lembro que quando finalmente fui morar sozinha, em 2017, recusei fortemente o tal “chá de panela”, o que certamente causou muita tristeza às mulheres a minha volta. Mas ok, a vida é feita de aprendizados… Hoje entendendo a beleza dessas ocasiões, que servem como uma espécie de ritual de benção das mulheres mais velhas ou experientes das famílias, assim como das mais jovens. É um ritual de troca entre as mulheres que já passaram pela maternidade e que estão ali passando seus conhecimentos para as mães de primeira viagem ou para aquelas que, assim como eu, iniciam o desafio de morar sozinha. Quer expressão mais linda de cuidado e de amor? (Tá bom, mãe! Você deve estar rindo dai de cima, dizendo “eu avisei”). E avisou mesmo, muitas vezes!

Lembro de uma ocasião especifica em que estava triste, mas não sabia o motivo, apenas sentia. Apesar de ter ao meu lado um marido incrivelmente amável e cúmplice, naquele momento as coisas que eu sentia, mas não conseguia externar, não seriam compreendidas por ele, por mais boa vontade que tivesse. Então, como num passe de mágica, uma das minhas melhores amigas mandou mensagem convocando para uma “noite das meninas”. E assim, bastou passar algumas horas cercada por essas mulheres tão extraordinárias, dividindo risadas, medos, sonhos, que já nem lembrava mais o motivo da tristeza.

Hoje nossa “noite das meninas” foi elevada a um nível mais “adulto” e nem sempre é noturna… Fui agregando às amigas da infância, as amigas que fiz ao longo da vida e as primas/amigas, que são um suporte necessário nessa loucura que chamamos de vida. Essas reuniões, as vezes regadas a uma/algumas taça(s) de vinho (sejamos honestas), fazem parte da minha terapia, da minha cura, da minha dose diária de amor e suporte mútuo.

Se você  está lendo essa reflexão e sente que precisa dessa pausa, tão necessária para o bem da nossa saúde mental, experimente sentar e conversar com suas melhores amigas, sua mãe/tia/avó/sogra/irmã/prima… Enfim, qualquer mulher que faça parte da sua vida e que certamente será capaz de compreender tudo o que você está sentindo e que precisa dividir com outra irmã.

Faça essa pausa e se reúna com suas garotas preferidas, bebendo aquilo que gostam, comendo o que querem, livres de qualquer convenção ou pressão ( principalmente da maldita dieta), sendo honestas no nível mais alto, despidas de qualquer medo, trocando ideias sobre assunto sérios ou não tão sérios assim, crises existenciais, pensamentos mais secretos, que só cogitamos compartilhar com nossas melhores amigas. Você sairá revigorada e pronta pra encarar a vida.

Amo conversar com meu marido, amo nossa cumplicidade e intimidade, mas não trocaria em hipótese alguma uma boa conversa com as minhas irmãs. Sim, irmãs! Essas irmãs que são capazes de curar feridas antigas e recentes, capazes de dar confiança àquela que anda com a autoestima em baixa ou de fazer com que as lagrimas mais teimosas e relutantes finalmente caiam, limpando tudo o que tiver que ser limpo.

Sinto-me renovada e pronta para todas as batalhas do dia a dia após uma boa conversa com as minhas meninas.

Obrigado, gladiadoras!

Amanda Alves Rodrigues

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