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Esconder-se: as vergonhas e os segredos


“As lágrimas são um rio que nos leva a algum lugar”. Assim começa o capítulo 13. Esse capítulo fala essencialmente da vergonha que temos das nossas dores, dos segredos que guardamos por medo da rejeição externa, e/ou por termos transgredido códigos morais, sistema de valores internos, da cultura ou de algum grupo social.


Segundo Clarissa, os temas relacionados a essas vergonhas usualmente tem a ver com amor, sexo, dinheiro e violência. Eu acrescentaria a lista das vergonhas corpo, raça, crença, gênero e condição de saúde, sendo que violência social com as vergonhas dos grupos ditos minoritários (que de minoritários não têm nada) recai sobre essas pessoas de forma muito mais potente.


Existem 2 tipos de vergonhas diferentes. Eles diferem em essência, mas as consequências deles são praticamente as mesmas. A primeira é uma vergonha ligada a escolhas equivocadas - erros de conduta- e a segunda é uma vergonha ligada a quem nós somos essencialmente física, psíquica ou emocionalmente.


As duas afetam essencialmente a auto-estima, pois apesar da primeira não ter a ver necessariamente com quem nós somos, essa escolha faz parte da nossa história de vida. Elas fazem as pessoas acreditarem que não são dignas de valor, porque aquilo que elas escondem, ou não vai ser aceito, ou não merece perdão.


Não é verdade, segundo o livro “não há nada que um ser humano possa ter feito, esteja fazendo ou possa vir a fazer que esteja fora dos limites do perdão”. Esconder-se para não ser atacado é o maior boicote para uma vida plena.


Os impactos dos segredos nas famílias e nos grupos sociais são bastante negativos. Se transformam em doença, em mágoa, em tristeza, em amargura aparentemente sem motivo. A carga da culpa se soma com o peso do segredo e torna-se dupla, pois além de doer-se por algo que aconteceu efetivamente, existe uma ameaça da possível revelação do segredo sempre presente.


Clarissa propõe que a cura para as nossas dores está no caminho inverso da vergonha, poder expor pra quem possa acolher. O tão falado poder da vulnerabilidades. Um bom caminho é fazer qualquer tipo de arte que expresse tudo que foi negativo que tivemos que passar. Ela mesma fez um casaco com retalhos que simbolizavam tudo de mais nebuloso que ela passou e, ao invés de aquilo lhe trazer dor, trazia orgulho, pois agora ela conseguiu expor, integrar e usar como parte importante de quem ela é.


Por Juliana Wesendonk Soeiro

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