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Escola de Princesas

Há alguns dias repercutiu pelas redes sociais uma Escola de Princesas. Caro leitor, acredito que você deva ter ouvido falar sobre isso. Trata-se de uma escola em que as meninas entre 4 e 15 anos que lá foram matriculadas possam aprender comportamentos e atitudes que remetem ao tempo de realeza.

Se formos avaliar a proposta do ponto de vista da origem da palavra, penso que iniciamos com problemas de ordem temporal. Não temos no Brasil o sistema político de monarquia, em que reis e rainhas exercem suas atividades. Ora, se não é mais vigente no Brasil esse sistema, para que ensinar as práticas de um sistema obsoleto?

Quero ressaltar que considero importante seguirmos algumas regras básicas de etiqueta. Quando debutei lembro que fiz um cursinho básico em que entendi para que serviam todos aqueles talheres e taças sobre a mesa. Lindo e até mesmo útil. Mas não me tornei mais feminina por isso. Aprender a cozinhar, acho que deveria talvez se ensinar na escola formal (é só uma hipótese). Porque TODOS (meninos e meninas) precisamos em algum momento preparar um alimento. Eu fui aprender a cozinhar lá pelos meus 30 e poucos anos. Antes eu conseguia sobreviver, mas hoje me garanto na cozinha e tenho prazer nessa atividade.

Um dos aspectos que mais me chamou a atenção é que nessa escola são ensinados “comportamentos de princesa” e “caráter de princesa”. Me pergunto com muita curiosidade quais são esses comportamentos e qual caráter é esse que a escola propõe que diferem da escola tradicional.

Sou uma entusiasta e defensora da equidade de gênero. Acredito que o mundo precisa e deve evoluir muito no sentido de respeitar mais a mulher como ser humano com todas suas características essenciais. Essa causa deve ser levada a serio por homens e mulheres.

A questão é que assim como nos atendimentos individuais, em que o desejo pela mudança deve ser intenso por parte do cliente, a mudança para um mundo melhor deve ser da própria mulher.

Acredito que para um mundo mais justo e igualitário, as mudanças devem acontecer em um nível muito mais profundo do que está sendo proposto na escola de princesas. Não acredito que a confiança da mulher para que ela saiba se posicionar melhor e souber o que quer passe por saber usar talheres. Construção de uma boa autoestima e segurança interna para saber dos seus valores, conhecer a si mesma, isso sim leva a mulher, a saber, o que é importante para si. E essa identidade nada tem a ver com conceito clássico de princesa. Enquanto educarmos para sermos princesinhas, estaremos sempre em busca de um príncipe encantado que venha nos salvar.

Por Mileine Vargas

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