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Em busca de sentido

Os dois livros que me vem a cabeça nesse momento de quarentena são “O homem em busca de sentido” e “Anne Frank”. Hoje, gostaria de falar especificamente sobre o primeiro que foi um dos livros que embasou meu trabalho de conclusão da faculdade.

Victor Frankl, judio, médico psiquiatra, antes de sua “Experimentum Crucius” no campo de concentração, escreveu sua teoria de que “a vida tem sentido independentemente de qualquer sofrimento”.

Não sei se é verdade que “aqui se faz aqui se paga” ou se a gente “paga pela boca”, mas ele viveu na pele o sofrimento extremo e conseguiu sair e ser referência para milhares de pessoas porque acreditava nas próprias palavras. Fez uso delas para poder sobreviver.

Convivendo com as recentes perdas do seu pai, sua mãe e irmã, com sua esposa grávida em outra cidade, Frankl vivia preso em situação insalubre com todos os dias a incerteza se iria viver ou morrer.

Não vou descrever o livro até porque é uma boa leitura para esses dias de confinamento, mas “O homem em busca de sentido” é o que há de mais esperançoso na literatura da psicologia. Ele traz principalmente o conceito da transcendência humana, nossa capacidade de se reinventar, nossa liberdade de pensar e de ser ainda mais livre através dos nossos pensamentos.

Muito corajoso na sua abordagem, Frankl costumava perguntar pros pacientes que padeciam de inúmeros sofrimentos “Então, porque você não se mata¿”. A partir da resposta dessa pergunta (um pouco direta demais pro nosso tempo) Frankl entendia por onde começar a trabalhar, pois entendia o que fazia a pessoa “manter-se de pé”.

Esses motivos que fazem a gente continuar e seguir são particulares pra cada um, pode ser um projeto, um familiar, um filho, uma viagem a vista, a roda de samba com os amigos, um fim de tarde vendo o por do sol, o jogo de futebol, a dança, a arte… No caso do Frankl, o seu maior pilar motivacional era a publicação da sua teoria e foi isso lhe deu a força necessária pra seguir.

Fazendo uma correlação com o nosso momento atual e com o sofrimento inevitável proveniente dele, é imprescindível cuidarmos da liberdade dos nossos pensamentos. Volta e meia eles podem visitar lugares sombrios e obscuros e nós precisamos nos lembrar de tudo isso que nos “mantém em pé”.

Fique em casa, leia Frankl.

Juliana Soeiro

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