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E então a vida para!

Então a vida, a nossa vida, aquela corrida, agitada, simplesmente para.

A vida para, o mundo para… E agora? Agora encontramos uma nova vida. Ela vem mais calma, mais fácil, mais simples, mais genuína.

Será que não estávamos precisando, emergencialmente, de uma parada forçada? De uma reiniciada nos nossos sistemas tão desgastados e automáticos?

A vida parou e com essa pausa conseguimos resgatar coisas que naquela vida de antes ficavam guardadas em lugares cada vez mais profundos.

Com essa pausa que o universo, cansado demais da nossa eterna “Falta de tempo”, nos impôs, pudemos entender que vez por outra, algumas pausas são necessárias para que as nossas conexões possam ser restabelecidas.

A vida parou e com essa pausa pude dar valor ao simples fato de sentar para tomar café da manhã com a minha família. Eu nunca mais quero tomar café correndo, de pé, sem tempo aparente para perder!

A vida parou e com essa pausa eu puder dar valor a minha forma natural, como as pintinhas dentro da íris do meu olho  – aquelas que minha mãe sempre fazia questão de dizer que era o que me tornava única – . Pude dar valor ao tom natural da minha pele, à forma natural dos meus cabelos não escovados, aos ciclos naturais do meu corpo, aos meus próprios chamados.

A vida parou e com essa pausa eu pude dar mais valor aos relacionamentos que fazem parte da minha vida…. Eu nunca quis tanto um abraço com cheiro de sabão em pó, amaciante e cebola e alho (Quem convive/conviveu com tias, mães e avós sabe do que eu tô falando).

A vida parou e me fez repensar sobre a importância de uma boa e honesta conversa…. Me fez ser mais grata pelo teto que cobre minha cabeça, pela comida que alimenta meu corpo, pela água que mata minha sede, pela cama quentinha que conforta meu corpo cansado.

– Quantas pessoas, neste exato momento, não tem nenhuma dessas coisas tão banais para nós?

A vida parou e com essa pausa eu pude valorizar os pequenos momentos como ouvir minhas músicas favoritas bem alto, de pé no chão, cantando desafinada que só, mas feliz, muito feliz.

A vida parou e eu pude sentir coisas que estavam aqui, mas que foram camuflados pela frenética rotina que todos temos. Eu nunca chorei tanto e, ao mesmo tempo, nunca me senti tão livre. Eu esvaziei um tanque de coisas…. Nem sabia que estava transbordando!

A vida parou e com essa pausa não só eu, mas creio que o mundo inteiro, aprendeu a ser mais solidário, a olhar para o próximo com mais carinho, valorizar o amor daqueles que amamos, a presença da família, dos amigos, dos nossos pets etc.

Talvez, diante de tudo isso que está acontecendo, o Universo tenha se encarregado de nos fazer parar e pensar que precisamos reencontrar nosso senso de coletividade e de comunidade…. Que precisamos aprender a valorizar o que realmente precisa ser valorizado, como um almoço de domingo com a família (mesmo que barulhento e longo).

Precisamos reencontrar nossa capacidade de sermos melhores. Amigos melhores, filhos melhores, colegas melhores, parceiros melhores, cidadãos melhores.

A vida parou e com essa pausa nos fez entender que a vida precisa ser vivida, não sofrida, disputada, atarefada, individualista.

Obrigado Universo, por nos dar aquela chacoalhada! Nós, de fato, precisávamos.

E, logo, logo, a vida vai voltar… O universo vai se realinhar e nós precisamos voltar melhores e mais conectados um com o outro, com a vida em todas as suas formas.

Até o nosso retorno, irmãs!

Por Amanda Alves Rodrigues

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