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E afinal, quem foi que inventou o tal mito da beleza?

Não sei vocês, mas eu já estou farta de ouvir as expressões “Corpo do verão”, “Projeto Verão” ou “Corpo ideal”. Ao ouvir essas expressões, questiono-me se de fato é preciso que todas as mulheres sejam exatamente iguais e que se submetam a qualquer coisa em busca de um ideal de beleza criado para nos aprisionar? Quem foi que criou esse “Mito da Beleza”, você já parou para pensar? Quem mais lucra com esses padrões midiáticos que nos tornam reféns? Pensando em tudo isso, fico me perguntando (sim, me incluo nesse time de mulheres neuróticas com todos os aspectos a vida, incluindo o tamanho do manequim) quantas vezes associamos a beleza ao número que visualizamos na balança ou ao tamanho do jeans que guardamos no guarda-roupas? Quantas vezes associamos a comida ao sentimento de culpa? Quantas vezes por dia nos colocamos pra baixo, procurando inúmeros defeitos em nossos corpos, nossos rostos, nossas ações? Será que não estamos sendo escravas de um sistema inventado por alguém que lucra de maneira absurda com nossas inseguranças?

Pois bem, por esse e por tantos outros motivos é que definitivamente cansei de ser “bela”. Sim, uso o termo “Bela” com aspas, justamente pra te mostrar que essa noção de beleza que temos está totalmente distorcida do que realmente significa ser bela.  E nesse sentindo, ao encontro do que acredito, descobri a escritora e feminista norte-americana Naomi Wollf, que fomentada por essa inquietação, escreveu um livro chamado “O mito da beleza” em que afirma que “As exigências opressivas de beleza são uma contrapartida à emancipação feminina”. E de fato são, pois elas nos aprisionam, nos determinam e nos definem de um modo equivocado e arbitrário, pra não dizer injusto.

 Certamente o processo de auto aceitação requer tempo, amor, dedicação e amadurecimento, mas acredito genuinamente que nossa beleza está muito além de números, padrões ou qualquer outro conceito incrustado em todas nós e que fazem parte da cultura patriarcal a qual todas fomos submetidas. Infelizmente, mesmo que caminhemos rumo ao desprendimento total dessas convenções culturais, ainda permitimos que sejamos taxadas como aquela do “Corpo do Verão” ou aquela do “Corpo relaxado”. Isso não é beleza, isso é imposição! Convictamente acredito que não queremos mais contar cada caloria, anotar cada refeição ou pesar cada grama de comida. Não queremos mais nos submeter a procedimentos que nos mutilam e nos fazem pagar um preço alto, na busca por uma ideia de beleza utópica.

 Felizmente vejo um movimento muito grande de mulheres que assim como eu, dizem pra si mesmas que o corpo perfeito é aquele que te faz plena, feliz, completa (Obrigada Ashley Graham, Preta Gil, Flúvia Lacerda e Serena Williams). E de fato é nisso que devemos nos concentrar, porque ao focarmos em todos essas inseguranças válidas, mas não absolutas, estamos abrindo mão de tantas outras coisas que são, de fato, importantes e que realmente nos tornam belas no sentido mais literal da palavra. Seja focar em algo extremamente pessoal como um projeto novo, uma pós-graduação ou um mestrado. Seja em estabelecer um tempo para si, seja em ler mais ou viajar mais. Enfim, o que realmente importa é o quão belas somos genuinamente falando.  Afinal, será que vale a pena destruir seu corpo, sua mente, sua essência em busca desse tal corpo que nem é teu, que não te representa ou te torna FELIZ? Vale a pena odiar a imagem que tu vês refletida no espelho todos os dias, esquecendo-se que, afinal de contas, essa é quem tu és?!

Portanto, quase que como um mantra diário, digo a mim mesma que cansei de viver aprisionada, cansei de me comparar com outras mulheres e, consequentemente, me colocar para baixo ao estabelecer a beleza delas como um medidor para a minha possível não beleza ou o meu fracasso, quando na verdade não deveríamos pensar ou agir dessa forma com ninguém, principalmente com nós mesmas!

Cansei de cultuar corpos infantis (ou o tal “corpo ideal”), afinal, somos mulheres adultas que carregam no corpo todos as marcas de guerras e de vitórias, logo, não há motivo para nos sentirmos envergonhadas.

Com isso, irmãs, não estou fazendo apologias banalizadas ou te despejando um monte de palavras vazias, estou apenas te encorajando a se libertar e a abraçar a imagem que você vê todos os dias refletida no espelho, abraçando sua guerreira interior fortemente, no intuito de estabelecer com você mesma uma relação honesta e respeitosa. Não só para você, mas pra mim mesma, estou te (nos) encorajando a olhar para si mesma e dizer “Hey garota, obrigado por ter se mantido aqui, apesar de nem sempre ter sido fácil”. Como fechamento de tudo, gostaria de despertar em você o pensamento de que o amor próprio é fundamental para todas as áreas da nossa vida, afinal, se você não se amar genuinamente, não há como se sentir livre completamente.

Por fim, queria te convidar a abandonar de vez esse tal mito da beleza que nos aprisiona e nos faz cair novamente em padrões e arquétipos estabelecidos pelo patriarcado. Que tal fazermos as pazes com quem somos e parar de sermos nossas maiores julgadoras? Isso é o que eu desejo não só para mim mesma, mas para todas nós.

Por Amanda Alves Dias Rodrigues

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