top of page

De que beleza estamos falando?


É triste, mas o racismo ainda está muito vivo e muito perto de nós. É motivo de choque, estarmos quase em 2023 e ainda perceber situações assim.

Esses dias estava em um estabelecimento fazendo minhas unhas e a manicure me contou que a dona do salão não permitiu que ela tirasse fotos das suas mãos para fazer a publicidade e divulgação do seu trabalho. A justificativa que ela deu para isso foi: “- Ela tem mãos pretas e para a propaganda é necessário mãos brancas”.


Não sei se o fato dela ter me contado era um pedido de ajuda ou não, o que importa é que ao saber qualquer situação de racismo precisamos fazer o que está ao nosso alcance. Isso é crime e ela vai fazer a denúncia devida. Porém, para além disso, de que forma conscientizar a nossa sociedade de algo tão óbvio? Feio é o preconceito!

Onde estão nossos padrões do que é feio e o que é bonito? Quem dita o que é feio e o que é bonito?


Nunca me esqueço de que quando fiz um estágio em psicologia e minha supervisora disse que eu não poderia usar turbante porque eu parecia uma empregada e que não estava bem vestida. Estar bem vestida significa estar em um padrão norte- americano ou europeu? Uma doméstica não pode estar bem vestida?

Estarmos em capas de revistas, nos filmes e nos livros é um avanço.

Representatividade é muito importante. No entanto, temos uma caminhada longa pela frente. Reafirmar que seguimos em luta é preciso.


Hoje, uma forma que encontrei de resistir é utilizar meu turbante dentro do consultório. É um jeito de mostrar que tenho orgulho das minhas origens africanas tanto quanto tenho orgulho das minhas origens europeias, pois tenho em mim várias cores.

Eu entendo e apoio que as pessoas façam o que quiserem com seus corpos para se sentirem bem, ao mesmo tempo que fico aqui torcendo para que isso não signifique esconder/anular nenhuma descendência.


Corpos iguais e padronizados não significam felicidade. Pode significar ser (um pouco mais) aceita por uma sociedade que está doente e não aceita as diferenças. Em contrapartida, o preço é caro: também pode significar uma profunda distância de quem somos, de onde viemos e de quem lutou para estarmos aqui.


Juliana W. Soeiro

CRP: 07/26220

Contato: 51.989264043

Comments


bottom of page