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Cápsulas de pensamentos (de uma mente inquieta)!


“Eu penso demais nas coisas. Racionalizo tudo e levo as coisas para o campo da lógica sempre”... Esse trecho foi retirado de uma das várias conversas que tenho tido com a minha amiga da vida inteira, Su. Nos últimos meses nos conectamos e cruzamos nossos pensamentos sobre vários aspectos da vida adulta. Maternidade X Trabalho. Amor X Relacionamentos. Sonhos X Realidade.

- Que a Deusa abençoe as amigas, que também são terapeuta ahahaha!

Su, que é mãe do meu afilhado lindo, tem sido um farol nos meus vários questionamentos sobre maternidade. Acho incrível o “trabalho” que ela vem fazendo comigo de não somente me ouvir e entender meus medos, mas de me mostrar, enquanto mãe de um menino de 12 anos, como a maternidade pode ser uma parte linda e importante da vida de uma mulher, mas não a única.

Outro dia falava pra mim mesma “ Vamos lá, Amanda, se joga, seja espontânea, não existe momento certo pra nada”... No minuto seguinte eu mudei de ideia e pensei “ Como assim mulher, e o planejamento, e as contas e o mestrado?”. Viver dentro da minha cabeça é exaustivo, girls!

Brincadeiras a arte, eu comecei a refletir muito sobre essas inquietações que vêm pipocando dentro de mim nos últimos anos e, como boa capricorniana, eu quis mergulhar de forma profunda nos meus medos e na origem deles. Eu tenho dito nos últimos tempos que o meu processo de cura parte do princípio de que eu preciso me entender para me curar e buscar aquilo que eu preciso pra me perdoar e seguir adiante. O #projetoViola2023 (inspirado na minha musa, Viola Davis) tem como base três pilares. Autoamor, Perdão e Cura.

Autoamor:

Outro dia ouvi de uma amiga o seguinte: “ Tu é tão forte, que não consigo te imaginar insegura”... E aí eu refleti muito sobre como nós performamos sem nem perceber, faz sentido? Eu performei por tantos anos que essa persona tomou conta de mim, então quando eu falo sobre ser vulnerável, sobre evitar confrontos ou me magoar com facilidade, muitas pessoas se chocam com essa versão mais sensível de mim.

Mas, em suma, o norte do meu processo de autoamor é justamente entender que pra ser sincera com as pessoas que fazem parte do meu mundo, eu preciso ser sincera comigo. Autoamor vai muito além de me olhar no espelho e me achar gata/gostosa ( E sim, eu olho e me acho mesmo)... O autoamor é sobre me amar nas minhas feridas, na carne exposta, nos olhos inchados e cabelo bagunçado. É sobre ser o meu próprio espelho, refletindo as coisas feias, bagunçadas, caóticas e assustadoras.

Minha musa/mentora, bell hooks, fala sobre o direito ao afeto que foi negado às mulheres negras. Até ler bell de forma mais profunda, eu nunca tinha pensado em como essa falta de amor vem sendo passada de geração para geração, ao ponto de nos sentirmos habilitadas a amar os outros, mas não nos sentirmos dignas de receber amor, sobretudo, o nosso amor!

Irmãs, eu tenho entendido cada vez mais que o meu amor e a minha sensibilidade são os meus super poderes, sabem? É através deles que eu consigo me acessar de forma mais profunda e genuína, ao ponto de me fazer perguntas difíceis como: Por que eu tenho tanto medo de ser mãe?

E, com base nessa pergunta, por que eu tenho tanto medo de falhar?

Perdão:

Nessa linha, vem o meu processo de me perdoar e perdoar tudo aquilo que não depende de mim. Ao me acessar, entendi que além de perdoar os outros eu preciso, de forma urgente, me perdoar. Eu tenho entendido, nessa minha jornada, que eu sempre fui dura demais comigo. Ainda muito novinha, eu me cobrava de forma extrema por excelência. Eu sei que chega uma certa idade em que não se pode mais culpar os pais, mas mamãe dizia sempre “ Seja excelente”. Hoje, aos 32 anos, eu entendi o que ela quis me dizer, talvez naquela época eu não tivesse a maturidade necessária para entender que de certa forma eu fui uma extensão dela... Que através de mim, ela pode se curar de várias coisas, mas também me fornecer as ferramentas para que eu pudesse ser autossuficiente não somente na vida profissional, mas autossuficiente nas minhas emoções, na minha espiritualidade, na minha integralidade.

Hoje eu consigo perceber que o “SER EXCELENTE” não tem nada a ver com ser perfeito, mas sim dar o melhor de si. Seja para as pessoas, seja em situações, seja pra si mesmo.

Agora, nessa minha jornada, o meu entendimento de ser EXCELENTE, tem a ver com ser o melhor que eu consigo ser!

Cura:

Sábado passado eu acordei angustiada. Senti um nó na garganta e uma vontade de fugir. Pensei em todas as coisas que eu queria contar pra mamãe. Pensei também que de algum lugar ela me ouve, porque eu nunca deixei de falar com ela um só minuto. Eu tinha um treino da minha planilha de corrida e eu queria fazer num tempo melhor, embora tenha evoluído muito nos últimos 5 meses.

Estava fisicamente, mentalmente e emocionalmente exausta. Fiz o melhor que eu pude fazer. Fechei 6km em 35minutos e quando finalizei o treino no app eu desabei. Eu olhei pro relógio e as lágrimas brotaram. Falei pra mim mesma “ Que piada”. Eu simplesmente não consegui segurar a minha frustração. Ignorei os resultados maravilhosos que a corrida me trouxe, ignorei o fato de ter evoluído muito e de ter tirado do papel um sonho antigo.

E aí, depois de chorar por alguns minutos, eu entendi que o choro não tinha nada a ver com o treino, mas com a falta que sentia da minha mãe, com o fato de me importar demais com as pessoas e com as coisas, com tudo aquilo que eu ainda não acessei, não perdoei, não curei.

“Como que eu posso me curar se eu não abraçar a dor, o choro e as quedas?”

Foi o questionamento que me fiz ali, sozinha, chorando por de trás dos meus óculos de sol.

E então voltamos a pergunta que iniciou esse aglomerado de cápsulas de pensamentos: Por que eu tenho tanto medo da maternidade?

Será que é porque na minha cabeça Caxias/racional é como uma despedida da Amanda que eu sou há 32 anos? Será que essa coreografia de mim mesma, que se encaminha pra outro momento, tem acessado lados que eu sempre enterrei? Será que é a minha impostora gritando dentro de mim e dizendo que eu não dou conta nem de mim, que dirá de outra vida? Será que são as feridas que ainda ardem inflamadas dentro de mim? Será que é o meu medo de falhar e de não ser “excelente”? Ou será que eu não tenho resposta pra nenhuma dessas perguntas e que talvez o não ter essas respostas agora, de imediato, faça parte da minha jornada e do meu processo de libertação?

Caras leitoras, eu avisei que habitar a minha cabeça era um árduo trabalho. São cápsulas e mais cápsulas de fragmentos de pensamentos que vem e vão.

Revisitando essas perguntas eu começo a entender que provavelmente a maioria das mulheres coleciona um milhão de pensamentos e de perguntas assim como eu. Provavelmente a maioria de vocês também se cobra demais e espera demais... Provavelmente somos uma legião de mulheres dando conta de boletos, cursos iniciados e pausados, alimentação parcialmente saudável, carga exaustiva de trabalho, vida social, aquele treino que tem que ser na base da disciplina pra existir.

Talvez a maioria dessas perguntas não sejam SIM OU NÃO, talvez no meio do caminho exista uma porção de interlocuções que vão se desenhado ao longo da jornada.

“ NÃO SE COBRA TANTO”... Disse eu no banho de segunda de manhã, após colocar o celular para despertar na função soneca algumas vezes (quem aí se identifica?)... Afinal, como é que a gente pode ousar se cobrar quando na verdade o problema, de fato, nem é a nossa bagunça mental, mas a lista interminável de tarefas e mais tarefas?

Sabem aquele contrato imaginário que assinamos no dia em que viemos a este mundo como mulheres? Aquele contrato injusto que põe sobre os nossos ombros um peso desumano e perverso? Esses dias busquei no meu backup de arquivos o bendito e eu resolvi que preciso rever várias cláusulas desse acordo que não foi feito de forma alguma para nós... Pra exercitar o meu autoamor, perdão e cura, eu preciso fazer um adendo no qual o pacto inegociável precisa ser comigo e com a certeza de que eu não vou acertar sempre, mas que eu vou me comprometer em ser a melhor versão que eu posso ser.

É sobre VIVER e não sobreviver!

Até a próxima, irmãs.

PS: Su, obrigado por me mostrar o caminho!

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