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Coração: os olhos do cão

Existem milhares de animais na fila a espera de adoção. Os abrigos estão superlotados e os voluntários da proteção animal tentam, de inúmeras formas, promover adoções responsáveis para cães e gatos. Infelizmente, alguns animais, na sua maioria idosos, da cor preta e os deficientes, passam uma eternidade na fila de espera, pois são rejeitados aos olhos humanos. A indiferença, o preconceito e a vaidade segam os adotantes, incapazes de enxergar o amor mais puro de animais carentes de um lar verdadeiro e cheios de esperança de viverem felizes com a companhia humana.

Os animais com deficiências, na grande maioria, adaptam-se de formas extraordinárias às novas realidades, e tiram de letra os obstáculos que aparentemente os limitariam. Pelo contrário, desenvolvem aptidões aguçadas e têm uma rotina normal, sem maiores dificuldades. Limitados passam a ser os humanos, que rejeitam sumariamente o convívio com animais portadores de algumas necessidades especiais. O medo, a indiferença, a vaidade e o preconceito, são mais nocivos aos animais que suas próprias doenças ou deficiências. Não raras vezes, quando o pet mais precisa de apoio e carinho, o que recebe é o abandono ou uma injeção de eutanásia, sem ao menos receber a chance de superar as dificuldades preliminares.

Os animais não se importam com a aparência, em competir ser melhor que os outros ou serem o centro das atenções aos moldes dos humanos. Os animais só querem amar os seres que na maioria das vezes os rejeitam. E então, quem realmente é o ser deficiente nesses casos? Quem é o ser deficiente de emoção, de sentimentos, de coração? Quem é perfeito por inteiro? Um animal paraplégico vai sentir a mesma emoção a cada chegada de seu dono ao lar. Um cão cego, irá se sentir feliz a cada passeio no parque com seus tutores. Um cão idoso irá curtir momentos de paz e tranquilidade com seu amigo humano.

Exigimos dos animais o que muitas vezes não possuímos. Exteriorizamos neles nossos ideais de padrões ilusórios: beleza exterior, carisma, juventude, auto controle, status, perfeição… Se fechássemos os olhos e passássemos a enxergar com o coração, certamente amaríamos com a mesma intensidade e pureza com que os animais nos amam. Talvez, seriamos mais alegres, mais realizados e mais felizes, e nossas “deficiências” seriam curadas através do sentimento de gratidão de um animal adotado.

Ano passado um grupo de voluntários resgatou o Alfredo, um cão jovem, da raça poodle. Foi retirado de um tutor que o rejeitou. Ele é cego. É o cãozinho mais feliz que eu conheço. Ele emana vitalidade. Adora passear, receber visitas e brincar. É comilão e curte uma sonequinha no tapete. O Alfredo tem muito amor pra dar. Pra ele os olhos não fazem falta, pois ele fareja com o coração. Seja como o Alfredo… Encontre um amigo com os olhos do coração.

Lúcia Helena da Luz

Presidente Voluntária da ONG Cão da Guarda

Porto Alegre/RS

99624-7176

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