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Conhecem Helen Adams Keller?

Marlene Neves Strey

Helen Adams Keller é uma figura histórica que sempre me impressionou muito. Era adolescente quando escutei sua história pela primeira vez na escola. Passei as primeiras semanas depois disso pensando nela e em como deveria ser horrível viver nas condições em que ela vivia. Tentava me imaginar no lugar dela, mas não conseguia. Levei muito tempo em compreender a verdadeira grandeza dos obstáculos que teve que superar e tornar-se uma personagem inspiradora, até ser uma heroína para mim.

Tenho verificado que muita gente não sabe quem ela foi. E isso não pode acontecer. Sua história tem que ser de domínio público, por isso relembro aqui, sinteticamente quem foi essa mulher maravilhosa.

Helen nasceu em 1880 nos Estados Unidos. Era filha de uma família sulista. Provavelmente era exagero, mas dizem que começou a falar as primeiras palavras aos seis meses de idade e a caminhar com um ano. Era, então, em todos os sentidos, uma criança como a maioria e se desenvolvia adequadamente. No entanto, quando estava com 19 meses, foi acometida por uma febre que na época foi chamada de febre cerebral. Não se sabe exatamente o que era, mas, provavelmente era escarlatina ou meningite.

Em pouco tempo sua mãe se deu conta de que não mais ouvia, nem enxergava. Imaginem o desespero da família. Quanto a Helen não temos relatos exatos de seus primeiros sete anos, mas sabe-se que ela e a filha da cozinheira criaram uma série de códigos com os quais se comunicavam. Ou seja, o fato de não ver nem ouvir não impediu que Helen buscasse se comunicar com seu meio ambiente. Por outro lado, parece que ela havia se tornado um serzinho selvagem e agressivo, que reagia muito mal quando frustrada.

Em busca de soluções para a filha, a mãe de Helen enviou o marido e a menina a locais que sabia serem experientes e bem sucedidos com crianças cegas e mudas. Para encurtar a história, após uma peregrinação a locais e pessoas que eram indicados, foi apresentada à família uma mulher notável, que sempre é mencionada quando o assunto é Helen Keller: Anne Sullivan, ela própria deficiente visual. Começou, então, uma parceria que duraria 49 anos, até a morte de Anne.

Foi um longo trabalho, que exigiu paciência, persistência e boa vontade de ambas. No início, principalmente por parte de Anne Sullivan, já que, como se sabe, Helen Keller, por aquela época, era bastante agressiva e impaciente. No entanto, toda a dedicação de Anne, certo dia surtiu efeito. O marco inicial parece ter sido quando Helen percebeu a ligação que havia entre os movimentos que Anne fazia em sua mão com o dedo e a água que caia em sua outra mão. Ela se deu conta que aqueles movimentos indicavam água. Parece que, naquele mesmo dia, ela aprendeu 30 novas palavras escritas com o dedo por Anne. A partir daí, nada mais segurou Helen no caminho da aprendizagem e da comunicação.

Helen Keller conseguiu formação acadêmica e pouco a pouco foi reconhecida mundialmente como uma comunicadora de excelência, que defendia a causa das pessoas com deficiência, das mulheres, dos pobres. Foi apoiadora do sufragismo e das ideias socialistas. Quando filiou-se ao partido Socialista, começaram a se lembrar de suas deficiências nos meios de comunicação. Algo parecido com o que vemos hoje em nosso País, quando ser socialista virou uma espécie de pecado… No entanto, o brilhantismo e a capacidade de superação de Helen trouxe-lhe reconhecimento mundial, medalhas, comendas, títulos. Ela viajou pelo mundo inteiro discursando e levando adiante suas ideias. Recebeu, inclusive, a Ordem do Cruzeiro do Sul brasileira.

Helen Adams Keller é uma pessoa que vale a pena lembrar e celebrar. Ela tinha tudo para viver uma vida miserável e amarga, mas, com a ajuda de outras pessoas, principalmente outras mulheres, sua mãe e Anne Sullivan com certeza, tornou-se uma pessoa que escapou das próprias limitações para promover ajuda e saúde para outras pessoas. Um lindo destino para quem parecia ter um destino limitado. Depois de alguns derrames cerebrais, morreu dormindo com mais de oitenta anos.

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