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Como você tem tratado sua mulher selvagem?

Você se permite regressar ao seu estado mais bruto e selvagem? Sabe identificar os sinais da sua mulher interior, que é selvagem, ancestral, natural e única?

Nesse sentido, vem a minha cabeça o livro ‘Mulheres que correm com os Lobos’, de Clarissa Pinkola Estés, que através da interpretação de 19 lendas e histórias antigas, identifica o arquétipo da mulher selvagem, isto é, o seu estado mais íntimo e puro, buscando recuperar a essência da alma feminina e seus instintos mais genuínos.

Na reflexão e imersão proposta pela escritora,  o resgate do nosso passado ancestral é debatido, com o intuito de atingir a verdadeira libertação feminina… E confesso que na primeira leitura muitos desses resgates da minha mulher selvagem passaram batidos por mim. Acho que diante de toda a correria da vida, esqueci de imergir dentro de mim, esqueci de observar os sinais que o meu corpo me dá, deixei de ouvir as minhas intuições. Inconscientemente, eu sufoquei a minha mulher selvagem, trancando-a a sete chaves, num lugar nunca antes visitado por mim.

Porém, quando você entende que se conhecer e se reconhecer faz parte dessa longa jornada que chamamos de vida, as coisas começam a fazer muito mais sentido, algumas decisões se tornam mais fáceis, tendo em vista que você sabe quem é e o que realmente quer.

Essa jornada de se reconhecer não é fácil, tão pouco palpável para quem está de fora desse regresso ao seu estado bruto, mas se permita ficar reclusa, deixe para trás algumas distrações da vida cosmopolita, tais como redes sociais, televisão, séries etc… Fique em silêncio e entenda que seu corpo, vez por outra, te dá sinais de que precisa de silêncio e reclusão.

Dispa-se. Retorne ao seu estado natural e ancestral. Ouça suas emoções, ouça seu corpo, ouça sua mulher selvagem. Tenha certeza, ela vive em você, ela faz parte de você, ela grita fortemente a fim de ser libertada por você.

Saia rumo a sua jornada pessoal em busca de se reconectar com você…. É difícil, é solitário por vezes, não é um processo comum e compreensível, certamente você será taxada de muitas coisas, talvez seja descrita como excêntrica, mas saiba que há vida, há força, há coragem na excentricidade e na capacidade de admitir sua transgressão.

Afinal, a transgressão quando admitida e vivida, é algo transformador e libertador, o que vai ao encontro da análise feita por Clarissa, que te faz reencontrar sua mulher selvagem, seus saberes inatos e ancestrais, que são passados de geração para geração.

Pessoalmente, esse reencontro comigo e com minhas raízes femininas ancestrais, ainda mais no ano mais desafiador da minha vida, foi fundamental, diria até que teve o poder de me salvar. Nunca antes eu havia me permitido imergir na minha essência, buscar minhas conexões passadas, entender os chamados que sempre tive, mas que nunca quis dar ouvidos.

É lindo e transformador perceber como há milhares de anos e gerações, nós mulheres lutamos, vivemos, amamos, compartilhamos o dom da vida, da cura, do amor, do saber. Entender o poder dessas bênçãos, ainda mais no momento econômico, político e social em que vivemos, pode simplesmente modificar as conexões e relações humanas. Pode salvar vidas, como tem salvado a minha.

Com o coração transbordando de gratidão, de paixão, de orgulho e força, desejo fortemente que todas as mulheres possam se permitir regressar ao seu estado mais orgânico, exaltando a deusa, a sábia, a loba, a bruxa, a guerreira que existe em cada  uma nós. Desejo fortemente que, assim como eu, vocês possam recuperar sua memória ancestral, sua raiz genealógica feminina, que é longa, forte e transformadora.

Desejo que todas nós possamos nos redescobrir, nos entender, nos respeitar e amar genuinamente e profundamente, pois somente assim poderemos nos considerar inteiramente livres ( ou selvagens) no sentido mais lindo que essa palavra potente possui.

Por Amanda Alves Rodrigues

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