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Coisa mais linda

É possível que muitas das seguidoras do Universo Feminino em Debate estejam tão enlouquecidas quanto eu com a série brasileira da Netflix “Coisa mais linda”. Para quem ainda não assistiu, não quero dar muito “spoiler”, mas é um romance feminista que se passa em 1958 no Rio de Janeiro. Só por isso já vale a pena ver.

Este texto não é uma crítica sobre a série, mas gostaria aqui de aplaudir a forma que estas mulheres foram retratadas. Personagens autênticas que tem como foco a própria vida, não o casamento – apesar do apelo da época. Assistindo aos episódios, deu para entrar nesse cenário do final da década de 50 e imaginar a vida dessas mulheres e seus mais loucos desafios.

À primeira vista, fiquei um pouco negativa em relação ao nosso contexto atual, ainda muito machista e patriarcal. Depois de refletir um pouco, tentei parar para analisar quais realmente foram os nossos avanços, em que “lugar” estamos paradas agora e qual a missão do nosso tempo enquanto mulheres.

Imaginem viver em um tempo em que mulher não era considerada um ser humano de direitos e era propriedade de alguém. Depois de filha do “fulano”, evoluía para esposa do “ciclano”/mãe do “beltrano”. Tinham que pedir a autorização de um homem para abrir um negócio, pedir um empréstimo no banco, etc.

Se fosse uma mulher negra então, não era aceito que cogitasse tais possibilidades, pois socialmente ainda se aceitava uma postura escravizante no tratamento com negros. Além disso, as mulheres estavam à mercê da tabelinha, pois não havia métodos contraceptivos.

Pensando nisso, eu pessoalmente sou muito grata pelas nossas avós “Marias Luízas, Adélias, Therezas, Lígias” (personagens da série) que começaram a reivindicar nossos direitos. Não é minha intenção dizer que estamos satisfeitas e que a luta acabou, mas me sinto com um pouco mais de ânimo relembrando os fatos e percebendo que muita coisa já mudou.

Às vezes, com tanta notícia negativa sobre abuso, ameaças, violências contra mulher de todo jeito, bate uma desesperança. Somente olhando para trás conseguimos perceber o quanto trilhar esse caminho difícil, que vai na contramão de muita gente, valeu e vale a pena.

Não podemos esquecer que agora é um momento histórico tão importante quanto aquele. Estamos cada vez mais inseridas na política, no cinema, na arte, na ciência – ocupando lugares que antes eram majoritariamente ou completamente masculinos.

Gosto de pensar em nossas futuras netas ou nas netas das nossas amigas que vão ter outros dilemas diferentes dos nossos na batalha pela igualdade. Acredito que elas ainda terão muitas questões difíceis para enfrentar pela frente, mas serão motivadas pela nossa luta que nunca parou.

Juliana W. Soeiro Psicóloga – CRP 07/26220 (51) 989.864.043

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