Queridos,
Inicialmente, gostaria de dizer que nunca fui fã de futebol, mas reconheço o quanto vocês conquistam público com o esporte. Juntei-me a milhares de torcedores, familiares e conhecidos ou apenas consternados com a dor dessa perda… As homenagens feitas na Colômbia e em Chapecó foram emocionantes. A chegada na Arena Condá, a torcida em massa chorando, as famílias, os militares com passos cadenciados carregando os corpos inertes, onde muitas vitórias foram conquistadas, tudo parecia ser algo irreal. A chuva não parava e se misturava às lágrimas dos presentes. Os repórteres com a voz embargada tentavam passar a dura realidade. Não foi fácil. Não era o que vocês buscavam no momento. Tinham partido em busca de mais uma vitória. Sei que muitos de vocês também não estão acreditando no que está acontecendo. Mas saibam, todos foram tratados como heróis. Jogadores, repórteres e demais integrantes do voo que acabou em tragédia. Sabem por quê? Bem, a maioria de vocês são jovens e tinham muito ainda que percorrer nessa existência. Muitos sonhos existiam, e um deles era trazer esse título tão importante para vocês, para a Chapecoense, para Chapecó…
Dona Ilaídes, mãe de todos nós nesse momento, percorreu o estádio com passos firmes para confortar os presentes, passando força e coragem nesse momento. Nem mesmo a chuva a fez desistir. Foi um exemplo de coragem e força. Ela que perdeu um filho, um de vocês. A maior dor do mundo é a perda de um filho, mas suas convicções sobre a existência nos confortaram. Sou mãe e não trocaria por nada do mundo um sorriso largo deles em momentos especiais. Mas estou aqui falando para vocês. Não interessa o que penso a esse respeito.
Desejo me reunir um dia com vocês numa roda de chimarrão. Todos irão um dia partir. Vocês tiveram a passagem antecipada. Quero ouvir atentamente a tudo que passaram e poder através de um longo abraço confortá-los pela brevidade da vida. Estamos sem entender ainda o que aconteceu. Espero que no momento que forem ler esta carta a compreensão dos fatos esteja avançada, mesmo que ninguém queira aceitá-los.
Que Deus os abençoe!
Por Rosane Machado
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