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Carga mental feminina

Já ouvi várias vezes que “mulher vive mais porque se cuida melhor”. Porém, depois de observar algumas situações e ler sobre a saúde mental feminina, percebo que a gente vive sim por mais tempo, mas nem sempre com saúde emocional. Um estudo sobre sobrecarga doméstica e transtornos mentais de 2011 descreve que as mulheres tem apresentado mais sintomas de angústia psicológica e desordens depressivas que os homens. Pelo que escuto por aí – isso mudou pouco de 2011 pra cá.

Os homens tem maior taxa de distúrbio de conduta: comportamento antissocial, uso de drogas e abuso de álcool. Já as mulheres manifestam as dores em sintomas de ansiedade, humor depressivo, insônia, anorexia nervosa e outros sintomas psicofisiológicos.

No consultório e fora dele percebo que muito dos cuidados domésticos – mesmo que isto esteja mudando a passos lentos – fica necessariamente com a mulher: “Faço a maior parte das tarefas, mas ele (o marido) me ajuda”, “sempre tenho que pedir pra ele ir no super, passar vassoura na casa”, “gostaria que ele fizesse sem eu ter que pedir”, “ele acha que a gente faz a mesma quantidade de tarefas, mas eu sei que eu faço muito mais”, “ele fica com a parte boa de ser pai”, “eu sou a chata com as crianças”…

O fato de o trabalho doméstico não ser remunerado, faz muitas mulheres se sentirem sem autoestima, pois são socialmente desvalorizadas e desconsideradas. Qual valor que tem uma cama bem arrumada, uma mesa posta, uma roupa limpinha, uma casa cheirosa e organizada?

Além disso, existe toda uma logística por trás de uma casa, que “quem ajuda” não tem que se dar o trabalho de pensar sobre ela: “o que tenho que fazer primeiro?” “o que tenho que colocar na lista do super”, “qual a receita que posso fazer hoje?”.

Pra mim esse trabalho tem todo valor do mundo, mas pra quem tem tudo isso “de mão beijada”, sem nunca ter que dar conta do tempo e da dedicação que isso leva pode achar que sua companheira “fica em casa o dia todo e está cansada” “não fez nada demais e está reclamando” ou “é muito chata com os cuidados da casa”.

Esse mesmo estudo fala que das mulheres entrevistadas 90% realizava trabalho doméstico todos os dias e 45,1% não tinha nenhuma atividade de lazer. Isso ainda se agrava dependendo do número de filhos, volume de trabalho, dupla jornada (trabalho e família).

Isso me leva a pensar em qual lugar da própria vida nos colocamos? Estamos no centro da nossa vida? O que está no centro da nossa vida? O marido? Os filhos? A casa? Você já se cuidou hoje? tirou um tempo pra si? Foi ver suas amigas? Deixou a casa pra depois? Largou o foda-se um pouquinho pra olhar pra si mesma?




Juliana W. Soeiro Psicóloga – CRP 07/26220 (51) 989.864.043






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